03
de novembro de
2004
Para
o fã de cinema, o mais estranho é que a fotografia
desta produção tenha sido feito pelo grande Vittorio
Storaro (dos filmes de Bertolucci e Saura), considerado um dos
maiores diretores de fotografia do mundo. O que ele faz num projeto
desses é um mistério, só explicado por alguma
crise financeira.
Na
verdade, a história deste projeto é muito estranha.
A Warner, não contente em ter feito já três
filmes para cinema sobre O Exorcista (sem contar a versão
ampliada do primeiro), resolve também produzir uma espécie
de prólogo, que foi dirigido por Paul Schrader. Quando
ficou pronto, o estúdio achou que ele era pouco assustador
e num gesto inédito mandou engavetá-lo e fazer
outro, começando do zero, por outro diretor, que por sinal
também estava fora de forma, Renny Harlin (Duro
de Matar 2), que é este que estamos vendo agora nos cinemas (o
de Schrader fala-se que sairá mais tarde em DVD mas obviamente
há poucas informações sobre ele). O curioso é que
dificilmente o outro poderia ser mais fraco, menos assustador
e necessário do que este.
É um dos filmes mais nada recentes. Nem ruim chega a
ser. Nem trash, nem ridículo. Só bobinho e dispensável.
Chamaram o ator sueco Stellan Skasgaard para fazer o Padre Merrin
(que no filme anterior foi interpretado por outro sueco, Max
Von Sydow) mostrando o primeiro encontro dele na África,
o demônio chamado Pazuzu (na verdade, nos outros já havia
referência a esse fato, se bem me lembro no segundo houve
uma aparição estilizada dele). Criaram então
uma estória elaborada, passada no fim dos anos 40, no
Norte da África, quando desenterram da areia uma igreja
onde tudo parece muito estranho, começando pela cruz de
Cristo, que está de cabeça para baixo. Vão
desenterrando o lugar que vai ficando cada vez mais perigoso,
atacado por demônios chacais que comem criancinhas e onde
há túmulos vazios. Como sempre, temos uma jovem
médica em perigo, que sobreviveu a um campo de concentração
(Izabella Scorupco) e um jovem padre enviado pelo Vaticano (desperdiçando
James D´Arcy, de Dicionário de Cama). Vão
descobrindo passagens secretas e cultuadores do Diabo, obviamente
há o reencontro da fé perdida, mas os efeitos digitais
são tradicionais (o filme não tem grande orçamento)
e em nenhum momento há qualquer clima ou tensão.
Muito menos sustos. Ou seja, se mandaram embora o diretor anterior
porque não tinha a violência ou sangreira que pretendiam,
continuam enganados. Este também é outra bola fora.
Por Rubens Ewald Filho
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