18 de abril de 2006
É curioso ver um diretor, como o chinês Wayne Wang, que sempre fez filmes pessoais e polêmicos como Sem Fôlego, O Centro do Mundo, Clube da Sorte e da Alegria, se submeter a realizar um filme que é meramente um veiculo para o recém-adquirido estrelato de Queen Latifah, uma ex-rapper gorda, charmosa e divertida. É a refilmagem de uma comédia de 1950, de Alec Guinness, que por sua vez é inspirada em roteiro do célebre escritor J.B. Priestley, o mesmo de “An Inspector Calls” (Um Inspetor Chegou Lá em Casa).
A idéia, porém, foi utilizada muitas vezes sem crédito. É sobre uma pessoa comum que é diagnosticada erroneamente, tem poucas semanas para viver, e estoura suas economias na viagem de seus sonhos. No caso, é uma vendedora de um grande magazine, que freqüenta a igreja batista, cantando no coro e sonha com um rapaz, colega da firma. Quando descobre que está doente de forma terminal, pega um avião e vai para a Tchecoslováquia (hoje República Tcheca), à cidade de Karlov Vary (onde há um famoso festival de cinema, e que nunca tinha visto antes no cinema. É uma estação de esqui, fotogênica, com belos hotéis e clima natalino). Seu interesse é conhecer seus ídolos, que são cozinheiros, chefs famosos, em particular um francês que trabalha lá, e que fica seu amigo (Gerard Depardieu). O filme tem, então, um lado que vai interessar aos gourmets.
Por outro lado, não é a comédia rasgada que prometia, ou parecia ser, mas uma comédia romântica sobre amor, redenção, como ser aceito por milionários e empregados, bastando ser boa e atenciosa (no hotel, ela vai conhecer seu antigo patrão, um milionário pretensioso e bobo, feito por Timothy Hutton, talvez o vencedor do Oscar que pior carreira teve posteriormente, perdendo o tipo e o talento).
Altamente previsível, bastante fotogênico, não muito engraçado (como sempre, as melhores piadas estão no trailer), é filme é para mulheres. E o diretor não deixa sinais de sua presença.
Por
Rubens Ewald Filho