FILHOTE

05 de agosto de 2005

Não confunda este cachorro, com o outro argentino que também está em cartaz nos cinemas. Aqui, o nome seria o equivalente ao Urso brasileiro (nome utilizado para designar os homossexuais corpulentos, peludos ou barbudos).

E se refere ao protagonista do filme, um dentista de Madrid que é obrigado a cuidar do filho de nove anos da irmã que mora no interior, e que é meio hippie e resolveu visitar a Índia. Deve cuidar do garoto por 15 dias, mas por uma série de circunstâncias (que não vou contar), o tempo se estende e começa a briga com a avó do garoto (mãe do pai já falecido), por sua guarda.

O filme parece querer discutir a questão atual, se o homossexual poderia ou não ser um bom pai ou guardião. Mas na verdade, esta não é a proposta. Está se contando uma história humana, de um garoto que ajuda a mudar a vida de um sujeito que por acaso é gay. Ainda que o filme não se furte em mostrar detalhes do comportamento do herói (o grupo transa entre si, consome maconha e cocaína, e ele vai ter encontros furtivos em lugares ermos ou saunas). O problema é na parte final, o chamado terceiro ato, quando o filme quase que cai no melodrama (sabe como é, espanhol é meio maluco, mas adora uma tragédia, um dramalhão).

Felizmente se recupera e conclui de maneira correta. De qualquer forma, o filme não toma uma posição a favor de adoções (o próprio herói tem dúvidas se ele seria a pessoa mais adequada), mas coloca a questão com honestidade, de forma bastante humana, séria e também original (certamente é o primeiro filme que conheço sobre o assunto).

Por Rubens Ewald Filho