Gaijin - Ama-me como Sou
 


10 de setembro de 2005

Esta é a continuação de Gaijin - Os Caminhos da Liberdade (1980), o filme que lançou e, na verdade consagrou, a diretora Tizuka Yamazaki, que desde então teve uma carreira bem brasileira, ou seja, difícil e irregular, tendo que fazer projetos comerciais e televisão para poder realizar projetos mais pessoais como este.

Na verdade, não é exatamente uma continuação no termo exato da palavra. Foi um projeto extremamente difícil de realizar, até porque em certo sentido é uma super-produção que foi interrompido algumas vezes, primeiro pela morte da atriz americana que fazia Shinobu Senhora (Nobu McCarthy, em 6 de abril de 2002 de um aneurisma da aorta em Londrina em plena filmagen). Depois por falta de dinheiro. Finalmente foi o vencedor do Festival de Gramado de 2005 onde levou os prêmios de direção, atriz coadjuvante (uma velhinha adorável que rouba a fita e já a justifica, a adorável Aya Ono) e trilha musical (um belo trabalho de Egberto Gismonti). A crítica foi extremamente violenta com o Festival e com o filme. Não era para tanto.

“Gaijin” começa muito bem, e tem uns quarenta e cinco minutos muito dignos, muito bem realizados e de repente despenca como se realmente tivesse acabado a grana. A história se torna um pouco confusa e por vezes difícil de seguir (até pela troca de atores). Mas toca em todos os assuntos interessantes, ainda que de forma superficial, como os japoneses fanáticos que não aceitam a derrota do Japão na Segunda Guerra e que assassinam um membro da família (fato contado em livro de Fernando Moraes, “Corações sujos”). E depois a ida dos descendentes de japoneses que vão tentar a sorte no Japão com alguns dos problemas que eles enfrentam. Sem esquecer momentos marcantes de nossa historia, como o Plano Cruzado de Fernando Collor.

Tudo começa com um épico, a história de uma família de imigrantes que vai para o Paraná e ajuda a criar a cidade de Londrina, com a jovem Titoe (Kyoko Tsukamoto) ajudando os vizinhos, servindo de parteira. Mas sempre pensando em voltar. Depois a história dá muitas voltas até se tornar uma história de amor, entre um branco (feito não se sabe porque pelo ator cubano Jorge Perrugoria, de “Morango e Chocolate”, que não aporta nada de novo ao personagem e tem problemas graves de dicção). Também não foi boa idéia chamar uma atriz norte-americana Tamlyn Tomita (que foi a namorado do “Karate Kid II”) para outro papel chave. Os dois se apaixonam, se casam, mas ele perde o dinheiro especulando e some, deixando os filhos meio perdidos. É quando o filme se atrapalha, prejudicado por diálogos muito literários e muito mal dublados.

Não sei porque não se deram conta de que a dublagem dos atores é desastrosa, e destrói o filme, era só refazê-la que a recepção teria sido outra. Ou seja, “Gaijin II” tem vários acertos e infelizmente alguns erros estrondosos. Tomara que o píblico seja mais indulgente que a crítica. Nem que seja pela adorável senhora Aya Ono.

Por Rubens Ewald Filho

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