11
de janeiro de 2005
Para
quem quiser fugir dos filmes infantis que proliferam nesta temporada
de férias, esta é uma interessante alternativa.
Mas é preciso que você goste do gênero terror.
Faz parte de uma nova moda americana, que é refilmar sucessos
asiáticos, no caso um filme japonês Ju-On, com alguns
diferenciais: 1º) Foi produzido pelo competente Sam Raimi,
diretor de O Homem Aranha. 2º) Quem fez a refilmagem foi
o próprio criador da série, o japonês Takashi
Shimizu (que teve a chance de rodar no próprio Japão,
com elenco internacional, mas conservando os atores que criaram
os personagens dos fantasmas, a mulher e o menino). Há uma
certa semelhança com outro filme da mesma origem, o também
bem sucedido, Ringu - O Chamado. É curioso como o Oriente
conseguiu acrescentar novas propostas a um gênero já desgastado.
Como aqui, onde os fantasmas têm existência tri-dimensional,
quase agem como pessoas comuns (e matam estranhamente as pessoas
de susto).
Com
orçamento de apenas 10 milhões de
dólares, o filme já rendeu mais de 110 milhões
apenas nos EUA, se tornando um dos maiores fenômenos de
2004. E já com continuação garantida. É tão
bom assim? Se você gosta de levar sustos no cinema, o filme
tem vários. É sempre inquietante e curioso. Deixa
algumas coisas no ar, talvez por sua origem (começou como
dois pequenos curtas, para saírem em celulares! Depois
teve duas versões japonesas, ou seja, é a quinta
vez que o diretor Takashi mexe nos personagens). Acertaram na
escolha da heroína com Sarah Michelle Gellar que tem tradição
no gênero (afinal foi a Buffy, a Caça Vampiros da
TV e aparece desglamourizada, quase sem maquiagem, em ângulos
nem sempre fotogênicos), assim como o galã Jason
Behr (do seriado Roswell, mas que tem muito pouco a fazer).
Rodado
em Tóquio, alternando as línguas e elencos, o filme
mostra uma americana morando na cidade e servindo de assistente
social. Vai cuidar de uma velha doente quando encontra uma casa
mal-assombrada. Explica o filme: no Japão quando alguém
morre com uma grande mágoa ou rancor, esse sentimento
vira maldição e empesteia o lugar, provocando tragédias
(algumas já acontecem nos letreiros, onde Bill Pullman
se joga de um terraço). Ou seja, é basicamente
uma variação no velho esquema da casa maldita.
Mas o diretor narra a fita de forma original, entremeado flashbacks
(sem explicações) e cortando sempre para fade-outs.
(escurecimentos em negros, que serve também para reduzir
a violência já que a fita foi PG-13 nos EUA). Na
verdade, o titulo nacional é enganoso. Não há gritos
(o menino fantasma, solta frases e ruídos sem nexo, não
propriamente gritos). Um título mais correto seria O
Rancor ou A Mágoa. De qualquer forma, o filme é bastante
ousado na utilização de recursos narrativos (a
heroína contracena no presente com fatos do passado),
de tal modo que alguns o acharão confuso e de difícil
compreensão (o original japonês, ainda inédito
aqui, dizem ser semelhante, mas muito mais atrevido). Mas os
fãs de terror devem adorá-lo.
Por Rubens Ewald Filho
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