HABANA BLUES (Habana Blues)
 


20 de novembro de 2005

Depois do sucesso inesperado de Buena Vista Social Club (1999) de Wim Wenders, houve outros documentários sobre música em Cuba mas este é o primeiro filme de ficção sobre o tema (ao menos que eu conheça). Na verdade, feito por um diretor espanhol que cursou a famosa escola de cinema de Cuba (onde viveu de 1992 a 2004). Obviamente ele gosta do lugar e mostra com simpatia o povo e os músicos, sem porém, fazer qualquer discurso político óbvio. Apenas mostra tudo e para bom observador é suficiente. Nunca fui grande admirador de Cuba (nunca visitei o lugar, a única vez que fui convidado a Globo não deixou eu ir. Depois, Fidel Castro se caracterizou como um ditador - até sanguinário - e preferi evitar o lugar). Mas todo mundo diz que eles se parecem muito com o brasileiro, tanto na comida, quanto na música e no modo de viver. Mas a ditadura decadente e patética está por trás de tudo ao contar a história de um grupo de músicos que tentam fazer sucesso, quando um grupo de produtores musicais europeus vem procurar novos talentos, certamente já por causa de “Buena Vista”.

Os personagens centrais são dois amigos, Ruy e Tito, guitarrista e saxofonistas de uma banda levemente contestadora. O sonho deles, e parece que todo mundo, é sair do país no caso e ir para a Espanha fazer sucesso. O mais complicado é Ruy que é um mulatão bonito, que tem uma mulher (de quem está meio junto, meio separado) e com dois filhos pequenos (o mais curioso é que ela tem mãe em Miami, que lhe manda dinheiro e está produzindo uma fuga de barco com as crianças). Ruy por sua vez não tem problemas em ter um caso com a espanhola que produz o disco.

Basicamente é uma comédia de costumes, mostrando a vida (feliz apesar de tudo) dessas pessoas que moram em cortiços, ignoram a política e tentam fazer música. A conclusão é um pouco discutível, mas parece que o diretor quer dar uma mensagem de esperança para o país. Enfim, a música é agradável, se não especialmente memorável. O elenco é competente, a história contada normalmente.

Curioso mesmo é dar essa olhadela no viés de uma sociedade mitificada que ninguém ousa chamar pelo nome certo.

Por Rubens Ewald Filho

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