25
de novembro de 2005
Até agora
ainda não entendi porque os críticos
cismaram de achar que o filme anterior da série,
O Prisioneiro de Azkaban, é o melhor
de todos (só porque foi feito pelo mexicano
Cuaron?). Francamente, para mim, todos eles são
extremamente parecidos, até porque são
realizados sob o estrito controle da autora, que
não permite muitas mudanças em sua
história.
Não há espaço para grandes vôos
autorais e, por vezes, o mérito maior é do
roteirista, que tem enorme dificuldade em sintetizar
os livros sempre muito grandes (este novo, por exemplo,
tem mais de 600 páginas). Para mim, este quarto
capítulo (que estourou de bilheteria nos EUA
e na Inglaterra), tem um probleminha no final, já que
termina meio em baixa, sem grandes lances.
Mas fora isso, o primeiro inglês a fazer uma
fita da série, Newell (Quatro Casamentos
e Um Funeral) não deixa a peteca
cair.
Se é verdade que os efeitos especiais digitais
estão se tornando banais e até excessivos,
esta aventura não perde tempo com apresentações,
entrando direto no assunto (deixa inclusive de mostrar
os familiares de Harry), embora o importante seja
o fato de que os heróis estão envelhecendo,
ou seja, já viraram adolescentes (e prestem
atenção aos 16 anos do menino Daniel
Radcliffe (Harry Porter): ele já tem pernas
peludas!).
O
filme, então, tem as crises de
insegurança e ciúmes, típicas
da idade, principalmente por parte dos amigos, Hermione
e Ron, já que todos têm suas paqueras
(Harry com uma oriental, Hermione com um cossaco,
tudo em nome da compreensão universal entre
os bruxos). É verdade que Daniel fica meio
estranho sem óculos ou tomando um banho de
espuma, que pretende ser meio sensual (com uma bruxa-fantasma
na banheira), mas me parece correto envelhecer junto
com seu público, sem esquecer a fórmula
tradicional.
A
maior parte da fita é gasta
com um torneio realizado na escola, com grupos de
fora, e com risco de vida para os amigos e o herói
(há também um jovem colega da escola,
feito por um bonitão desconhecido, para agradar às
meninas mais velhas). Assim
Harry tem que enfrentar um dragão, depois
mergulhar entre sereias, encontrar seu caminho através
de um labirinto mortal, mas tem seu clímax
no tão aguardado encontro com Lord Voldermont
(não me decepcionei, a maquiagem de Ralph
Fiennes, praticamente irreconhecível, é bem
interessante - eles lhe tiraram o nariz! - e assustadora,
principalmente para crianças).
O
filme não dá muita chance a coadjuvantes
desta vez (Miranda Richardson é uma novidade,
como uma repórter metida, mas não deixa
maior impressão), mas sabe contar sua trama
central, alternando momentos de romance juvenil com
aventura e ocasionais momentos de terror (mas menos
que os anteriores). Tem gente que até o considera
o melhor da série.
De
qualquer forma é bom informar que a série
vai bem e não decepciona.
Por
Rubens Ewald Filho