7
de junho de
2004
Difícil
dizer se este terceiro capítulo é melhor do que
os anteriores. A impressão é de que a história é mais
fraca, há um tempo enorme gasto na exposição
de novos personagens e situações. O ritmo parece
lento, arrastado. E até os efeitos especiais são
discutíveis (em particular na figura do lobisomem). Será que
a Warner cometeu o mesmo erro que a Universal quando chamou um
diretor de filmes de arte, como Ang Lee para realizar seu Hulk?
Porque para este terceiro Harry Potter, ficou de fora o diretor
Chris Columbus (que fez os anteriores mas, retém um crédito
de co-produtor) substituído pelo mexicano Alfonso Cuáron
que fez sucesso com E sua mãe também? (que não é propriamente
o tipo de filme que o credencia para fazer uma fita infanto-juvenil
como esta).
Mas
eles devem ter pensado que uma franquia como esta, já tão
popular, e estabelecida não poderia ser modificada ou
estragada (tanto que para o próximo chamaram o inglês
Mike Newell do fraco O sorriso de Mona Lisa). Ou seja, quem gosta,
conhece, já leu o livro (ou livros), não vai deixar
de ver o filme. E que tem o charme de ir envelhecendo com seu
publico. Aqueles que conheceram Harry Potter como molecote agora
já o encontram como pré-adolescente (há rápidas
insinuações de pegar na mão entre Ron e
Hermione), o que justifica também o tom mais soturno,
mais dark do filme (os anteriores eram até solares, mais
coloridos).
Para
o espectador casual, porém, fica difícil
notar as diferenças na narrativa (além do fato
de virar fita de terror na parte final, ainda que com algumas
soluções bem engenhosas na passagem de tempo).
Há mais planos próximos, mais movimentos de câmera,
mais sutileza em detalhes, menos habilidade no humor (a primeira
seqüência em que a tia sai voando deixa um sabor meio
amargo, como se não tivessem encontrado o tom certo de
piada). Há também maior número de atores
novos entrando na história (em vez do falecido Richard
Harris esta Richard Gambon, que faz tudo noutro tom mais leve).
Entre eles, Emma Thompson fazendo uma professora de adivinhações,
Julie Christie (no que é pouco mais que uma ponta), David
Thewlis (no papel mais importante, o professor Lupin que tem
participação ativa na história) e ainda
o ótimo Gary Oldman.
É ele
quem faz o vilão central, um certo Sirius
Black que foge de uma prisão de alta segurança
e ameaça vir atacar Harry (até porque é seu
padrinho de batismo e foi grande amigo dos pais dele).
A maior
parte do filme vai criando clima, contando casos pitorescos e
figuras estranhas (como os Dementadores, espécie de
almas penadas que sugam o espírito e que circundam a escola)
ou divertidas (o Bicuço, meio cavalo, meio águia,
um Hipogrifo) além de um mapa (do Maroto), a Cidade Mágica
de Hogsmeade, a Casa dos Gritos, tudo levando a pensar que logo
o filme vai virar brinquedo (ride) de parque de diversões.
O clímax, porém, custa a chegar (e repito, o lobisomem
não é convincente) e não é especialmente
emocionante. Não creio que a legião de fãs
vá ficar decepcionada. Somente não vai criar novos
admiradores.
Por Rubens Ewald Filho
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