25
de novembro de 2005
Lançado
nos EUA no fim de 2004, o filme tinha esperança
de conseguir alguma indicação para
o Oscar ou qualquer prêmio, até pela
presença de Sigourney Weaver, fazendo novamente
(e muito bem) outro de seus personagens ainda atraentes
(ela já tem perto de 60), mas fortes e excêntricos.
Pena que dividiu a crítica e passou em branco,
o que também pode suceder aqui. Até pela
temática pesada, girando em torno de suicídio
e outros pecados familiares.
O
filme começa quando o filho preferido de
uma família comum, os Travis, que é um
promissor campeão de natação,
comete suicídio, simplesmente porque odeia
natação e o fato de ser obrigado a
nadar. O resto da família fica, logicamente,
abalada (embora nem chorem), o pai (Jeff Daniels)
exige que um lugar na mesa seja mantido com comida
em todas as refeições, para o filho
desaparecido.
A filha mais velha (Michelle Williams) estuda fora
e não se envolve muito. Sobra para o filho
mais novo e menos brilhante (Emile Hirsch, o bom
ator de Os Reis de Dogtown) que, apesar
de ter um bom relacionamento com a mãe (que
por sua vez é presa comprando maconha), tem
problemas com o brutamontes da escola (de quem apanha
regularmente, embora não seja mostrado) e
com a frieza do pai, e que pode ter tendências
homossexuais (consumadas numa noite com o vizinho,
sob o efeito do ecstasy).
Basicamente
uma tragicomédia de costumes,
muito negra, a fita é um retrato da vida doméstica,
com pequenos apontamentos (por exemplo: uma vizinha
que Sigourney detesta, que observa tudo - sem diálogos
- mas que até a ajuda quando ela cai dura
no jardim, chapada de maconha). Também pinta
um retrato dos jovens do subúrbio, sempre
a um passo do consumo excessivo de drogas e das tentativas
de suicídio, diante de uma vida e um futuro
nos quais eles não vêem sentido.
É
curioso também que o diretor e autor, Dan
Harris, tenha sido posteriormente o roteirista de
Batman Returns e, antes, de X-Men
2 (está fazendo
novo filme chamado I, Lúcifer).
Embora a história de uma família abalada
por um suicídio não seja propriamente
nova e ultimamente tenha sido relegada a telefilmes,
não me parece telenovelesca ou melodramática.
Ainda que depois venham muitas revelações
e até mesmo um final surpresa.
Se
ainda existe espaço para esse tipo de história,
este é um filme que merece atenção.
Importante: não veja o trailer, que usa as
melhores frases e momentos, ainda que como comédia.
Por
Rubens Ewald Filho