27
de dezembro de
2004
Lembram-se
de quando eu dizia que no Brasil nenhum adulto ia ver fitas de
animação, o antigo desenho animado,
a não ser quando constrangido a levar um filho ou sobrinho?
Pois é, isso mudou com este Os Incríveis, que faz
incrível sucesso - só nos EUA 237 milhões
de dólares - (embora The Incredibles, fosse melhor-traduzido
como Os Inacreditáveis!) até nas sessões
noturnas e na pior época do ano, o pré-natal. Sem
duvida, mérito da Pixar, a produtora de Steve Jobs, que
criou uma notável reputação ao se aliar
a Disney (e continua a briga para decidir se continuarão
juntos ou não). No mesmo ano de Procurando Nemo, eles
buscam uma nova alternativa, chamando um diretor de fora para
integrar o grupo, no caso, Brad Bird, que havia feito antes uma
animação muito interessante, mas que permanece
pouco conhecida, The Iron Giant (saiu em DVD pela Warner , como
O Gigante de Ferro sem passar nos cinemas, contando
a amizade de um garoto com um robot gigante. Uma fita bem talentosa
e que
merece ser descoberta).
Isso
significa que a Pixar esta mudando, ousando, ficando diferente,
mas sem fugir de seu padrão. O que mais me impressionou
no filme, foi o fato de que ao contrário dos anteriores,
ele não é uma comédia mas uma aventura,
uma fantasia de ficção-cientifica tipo Homem
Aranha.
Não tem a preocupação de fazer rir (embora
tenha muitos momentos de humor) mas de contar uma historia, de
nos fazer envolver com os personagens (embora ao contrario das
fitas de animação da Dreamworks não haja
preocupação em promover os atores que fazem as
vozes, tanto que apenas Holly Hunter e Samuel L. Jackson são
famosos aqui, e mesmo assim os personagens não são
especialmente modelados neles. O que libera a versão dublada
com mais perda de qualidade). E o interessante é que consegue.
Não tem canções no meio, não faz
gracinhas, nem usa truques antigos de Disney. Conta bem os problemas
de uma família de super heróis, que foram banidos
e relocados para o interior e para vidas comuns. Até quando
são obrigados a voltar à ativa. Ou seja, parece
mais uma história em quadrinhos, bem amarrada, até um
pouco aprofundada que culmina com muita ação. Só que
em vez de atores é com desenhos feitos por computador.
A adesão do público ao filme que sai dele feliz
e satisfeito, talvez voltando a ser criança, confirma
a boa fase da animação (muita gente afirma que
são melhores do que os filmes com atores, mas para eles
eu digo um nome: Nem que a Vaca Tussa! o outro desenho Disney
do ano que não era nada inspirado).
Por Rubens Ewald Filho
|