16
de outubro de 2005
Fez
mal o diretor Terry Gilliam (do grupo “Monty
Python”) em vir a público se queixando
das interferências da produtora Miramax.
Era melhor ter ficado calado porque assim deixa uma
má impressão no espectador mesmo antes
dele ver o filme. Tanto que as mudanças são
relativas (obrigou-o a substituir Samantha Morton
pela bela inglesa Lena Headey, que é uma figura
charmosa. Fizeram ele mudar de fotográfo e
mexeram na edição final.
Mas tudo isso é normal dentro do sistema de
Hollywood. E devia agradecer porque a Miramax veio
salvar o filme quando a MGM o largou). Chegou ao
cúmulo de parar o filme no meio, em junho de 2004
e rodar outra fita pequena nesse ínterim chamada
Tideland.
Em
vez disso, era melhor ele ter cuidado mais do roteiro,
que é o ponto fraco desta filme curiosa,
que teve a idéia de usar os famosos escritores
de contos infantis, os Irmãos Grimm (já teve
filme a sério sobre eles, em Cinerama em 62)
como sendo dois vigaristas que viajavam pelo interior
encenando falsos exorcismos para extorquirem dinheiro
de nobres e ricos.
Até o dia em que são chamados para
enfrentar um caso real de magia negra, onde garotinhas
estão sendo seqüestradas para uma história
tipo Rapunzel / Bruxa de Branca
de Neve (quem faz
essa figura é a bela Monica Bellucci que pouco
tem a acrescentar).
Enfim, eles deveriam ser aventureiros e matreiros,
mas o roteiro é tão mal construído,
que parecem duas crianças assustadas, sem
muita ação ou heroísmo, particularmente
Matt Damon que tem o papel mais ingrato e menos a
fazer.
O australiano Heath Ledger ao menos é o desajeitado
e sofrido irmão mais novo e compõe
um tipo (Damon fez bobagem quando concordou em trocar
de personagem com Heath pouco antes das filmagens).
Acho
que o erro é construir o filme como farsa,
como um conto de fadas de humor negro, durante a
invasão francesa do que futuramente seria
a Alemanha (fica tudo com cara de medieval embora
estivessemos no século 18).
Rodado na Checoeslovaquia, o filme certamente poderia
ter um elenco mais ilustre caso não tivesse
tido defecções (Johnny Depp, Nicole
Kidman, Anthony Hopkins, Robin Williams, estiveram
em algum momento envolvidos).
O
que mais incomoda na fita é que as alusões às
famosas histórias infantis são passageiras
e não especialmente importantes.
Acaba virando uma aventura gótica, com elementos
de farsa (em particular aos cuidados de um grotesco
oficial francês feito pelo sueco Peter Stormare,
a quem eu achei totalmente sem graça).
Bastante
movimentada, com alguns efeitos curiosos e algum
clima, o filme não chega a ser um
desastre.
Mas também esta longe de ser o blockbuster
que pretendiam (custou US$ 80 milhões, rendeu
35 nos EUA).
Talvez por não ser exatamente infantil, nem
precisamente para adultos. No meio termo, será uma
diversão eficiente em DVD.
O que hoje em dia, é o que mais importa.
Por
Rubens Ewald Filho