26
de fevereiro de 2006
Foi
chamado de “o Ray deste ano”,
o que não é bom prognóstico
já que, a biografia de Ray Charles, um astro
também no Brasil, foi fracasso em nossos cinemas.
Também não se pode esperar muito deste
filme, que conta a vida do cantor country Johnny
Cash (1903-2003), e sua segunda esposa June Carter
Carsh (1929 / 2003). Uma história de amor
tão profundo.
Foi June que ajudou o cantor a largar o vício
em drogas, e ele morreu em conseqüência
da diabete, apenas alguns meses depois que ela faleceu
vítima de complicações causadas
por uma operação no coração.
Os românticos dirão que Cash, não
conseguiu continuar vivendo sem sua companheira.
Só que este fato não está no
filme que, se fixa mais na juventude do casal, e
no romance que enfrenta problemas porque ele já tinha
uma primeira esposa (aliás, as filhas mais
velhas dele, reclamaram do fato de que mãe
foi mostrada como uma megera na fita, que não
gostava de sua carreira - o que não era fato
real mas, licença dramática).
Como
poucos conhecem Cash no Brasil (mesmo eu lembro dele
naquele faroeste com Kirk Douglas chamado O
Duelo que o SBT, passou durante meses seguidos)
e de alguns telefilmes lançados em Vídeo.
O filme também não é fiel a
sua imagem (ele era conhecido como O Homem de Negro,
porque se vestia sempre dessa cor e era um homem
alto, de 1m88, bem diferente de quem o interpreta
Joaquim Phoenix que, além ser mais baixo,
tem defeitos físicos.
Ou seja, o lábio leporino - ele nega a evidência
dizendo que foi acidente) e o braço/ombro
torto, dos quais fica difícil nos abstrair-mos,
já que se trata de uma biografia).
Muito
se falou também, do fato de que a dupla
Reese e Phoenix, canta com sua própria voz
(em vez de dublarem o original), o que faz louvar
sua versatilidade mas, não necessariamente
sai acurado.
Realizado por James Mangold (que fez Copland;
Garota Interrompida; Kate & Leopold;
Identidade)
a fita é correta mas também banal,
mostrando a ascensão de Johnny, seu casamento,
o encontro com June, os problemas com drogas e finalmente
o romance florescendo (ela também se divorciou
nesse meio tempo, o que é passado por cima).
Até finalmente a felicidade (sempre entremeado
de sucessos country, que a gente conhece meio de
passagem).
Embora
Reese seja a favorita absoluta para o Oscar® (foi
também indicado como figurino, montagem,
som, ator), sua interpretação não é excepcional.
Reese - e seu queixo-de-cotovelo -, tem talento e
já fez coisas boas, mas o papel é rotina,
e o Oscar® deverá ser mais por sua simpatia
e prestigio, como uma das poucas atrizes de sua geração,
que viraram estrelas (além disso, este ano
foi fraco para papéis femininos, se houvesse
justiça quem deveria ganhar era Felicity Huffman
por Transamérica).
Por
Rubens Ewald Filho