26
de janeiro de 2006
Pouca
gente se lembra do filme original, nem mesmo os críticos
(até porque ele absurdamente não foi
lançado em DVD no Brasil). Mas Adivinhe
quem veio para Roubar [(“Fun with
Dick and Jane” - 77) NE.: o DVD acabou sendo
lançado em 18/01/2006] de Ted Kotcheff, era uma divertida
comédia
satírica
com George Segal e Jane Fonda - também produtora
- que brincava com os valores morais da época,
contando a história de um casal que abre falência
quando o marido técnico de espaçonaves
perde o emprego e têm que recorrer a assaltos
para sobreviverem e não perderem sua casa.
Talvez porque eram tempos mais ingênuos e os
valores morais mais sólidos, o filme impressionava
até pela ousadia (o título vem de uma
referência aos livros de colégio antigos
que usavam a figura de Dick e Jane para ensinar inglês
para principiantes). Na atual versão se mostra
isso nos letreiros mas poucos são capazes
de decifrar o mistério).
Refazer
a história parecia uma tarefa difícil
porque a trama era datada, muito anos 70.
Besteira minha porque o resultado é bem sucedido,
principalmente nesse aspecto.
Embora diante de tantos absurdos, nada mais cause
espanto ou escândalo, conseguiram atualizar
os fatos com muita habilidade (até na menção
final, uma coisa também muito americana, que
brasileiro talvez não saque).
Por
outro lado, o filme original tinha um humor discreto,
sem palhaçadas.
Mesmo assim não foi difícil modificá-lo
para virar um veiculo para Jim Carrey, que ainda
assim está mais discreto do que costume.
A
trama central continua a mesma (para mim, um defeito
grave é a escolha de Téa Leoni para
protagonista, ela não tem fôlego ou
recursos para segurar o rojão). Havia outras
mais indicadas.
Isso se explica porque Cameron Diaz largou o papel
dias antes da filmagem.
Assim como largou o diretor Barry Sonnenfeld.
Jim perde seu emprego logo depois de ter subido de
posto porque o patrão (Baldwin) foge com tudo.
Ele entra em desespero (e sua tentativa de salvar
a grama é memorável) e negação,
até que encontra um jeito de burlar a lei
e salvar as finanças: passa a executar assaltos à mão
armada, roubar bancos (ainda repetem o truque de
utilizar mascaras de presidentes, mas sem maior ênfase).
E assim dão a volta por cima até uma
conclusão inteligente, com novas ironias.
Mas o fato indiscutível é que hoje
em dia, roubar já não provoca a mesma
reação ou surpresa (Basta ver o discurso
a favor da corrupção como uma instituição
americana que consta do filme Syriana).
Ele
custou cem milhões e até agora
não passou dos 81 milhões (o que é pouco
para Carrey).
Ou
seja, fracasso. Mas não é certo.
O filme não a mera chanchada mas uma comédia
que tem o dizer e denunciar. Bem legal. Confiram.
Por
Rubens Ewald Filho