25
de novembro de 2005
Nos
primeiros cinco minutos do filme, comecei a resmungar
para a pessoa que estava do meu lado, dizendo que
não acreditava que o filme pudesse ser tão
fake, tão artificial. Que havia algo errado
com ele.
Dali a alguns minutos tudo ficou claro, o que eu
estava reclamando era proposital, o diretor David
Cronenberg tinha pedido de seus atores (embora seja
só perceptível para o olho treinado)
exatamente aquela falsidade para já dar a
dica da história que iria contar depois.
Exibido
em Cannes e fracasso nos EUA, este novo filme do
brilhante diretor canadense (que fez fitas como A
Mosca, Spider”, Mistérios
e Paixões [“The Naked Lunch”])
talvez seja seu trabalho mais acessível e
popular desde os excessos de A Mosca.
Mesmo sendo violento (até porque é baseado
num graphic novel). Rodado no Canadá, passado
numa cidade fictícia de Indiana, é sobre
um sujeito Tom (Viggo Mortensen, de O Senhor
dos Anéis num bom momento) que é dono
de uma lanchonete, tem mulher e filhos, ou seja,
leva uma vida normal. Até o dia em que aparece
um gangster que o ameaça dizendo tê-lo
reconhecido como um pistoleiro e seu antigo inimigo.
Tom nega tudo mas eles insistem e cercam sua casa,
provocando sua reação feroz. Como um
sujeito experiente ele rende e mata os adversários.
Resta-lhe, portanto revelar sua verdadeira identidade,
para desgosto da esposa (Maria Bello).
Provando outra vez que não se foge do passado
nem de uma história de violência.
Por
isso que eu havia implicado com toda aquela situação
inicial, é porque logo depois haveria um enorme
reviravolta e um novo ajuste de contas, com Tom indo
para a cidade grande reencontrar seu irmão
este realmente rico chefe de quadrilha (William Hurt
que acorda de seu torpor habitual e tem uma pequena
mas notável participação), no
que acaba sendo um banho de sangue. Espero não
ter contado demais.
O
fato é que gostei do filme, acho Cronenberg
um cineasta criativo e talentoso, especialmente com
cenas de ação e violência. Que
por vezes também é engraçado,
meio grotesco, brutal, inesperado.
PS
- os cineastas John Carpenter e George Romero, ambos
famosos por fitas de terror, fazem pontas,
o primeiro como um passante na rua que diz alô,
o outro como garçon que serve ovos na lanchonete.
Por
Rubens Ewald Filho