07
de fevereiro de 2006
O
que poderia ter sido um filme notável, acabou
sendo sabotado por uma série de equívocos.
O maior deles certamente foi a escolha do elenco.
Como os americanos não tem a menor noção
(ou interesse) pelo estrangeiro, não são
capazes de distinguirem entre o que é um chinês
ou um japonês. E não pensaram que as
duas nações não se gostam (restos
da Segunda Guerra Mundial e de Guerra entre eles,
e de conflito anterior entre ambos, quando os japoneses
foram terrivelmente violentos e sanguinários).
E aí colocaram nesta história muito
japonesa, atrizes basicamente chinesas (embora Michelle
Yeoh seja da Malásia). Resultado: o filme
esta proibido na China (com a desculpa de que tem
cena de sexo forte) e não fará carreira
boa no Japão.
Não
duvido que esta decisão tola tenha
sido do produtor Steven Spielberg que iria dirigir
o filme, mas que o passou para Rob Marshall como
seu primeiro trabalho desde o premiado com o Oscar®,
Chicago. Que fez um trabalho visualmente
caprichado. É um
filme belíssimo, com esplendida fotografia,
uma belíssima trilha musical (e por isso mesmo
foi indicado aos Oscar® de direção
de arte, fotografia, figurinos, trilha musical, som,
edição de som). E boas interpretações
(todas as mulheres estão super competentes
embora Ziyi Zhang não tenha conseguido ser
indicada ao Oscar® de atriz).
O
fato é que o resultado acabou sendo um filme
indicado e compreendido pelas mulheres (como diz
nos EUA, um “chick flick”, filme de meninas).
No qual os homens não conseguem penetrar nem
que seja para resolver a antiga duvida: serão
as geishas prostitutas? Segundo o filme, a resposta é:
mais ou menos. São uma espécie de cortesãs
que podem liberar seus favores sexuais, mas sua função
principal é fornecer conversa, companhia,
diversão e alguns momentos de relaxamento
fora dos compromissos profissionais e da rotina de
casa.
Escrito
por um sujeito do Tennessee Arthur Golden (ou seja,
não foi um japonês, nem sequer
um oriental), o longo livro se tornou best-seller.
A versão para a tela, sumariza em 145 minutos
o drama da heroína, Sayuri que é vendida
por sua família para uma casa de Geishas,
onde começa como aprendiz mas é perseguida
por uma outra, a mais importante da casa (feita por
Gong Li, com um curioso paralelo na vida real, Gong
de certa maneira é mesmo a rival de Ziyi que
tomou seu lugar no coração do diretor
Zhang Yimou e também seu espaço como
a maior estrela da China). Sofre muito, chega a ser
expulsa do lugar, também porque se apaixona
romanticamente por um homem mais velho que encontra
um dia num parque (Ken Watanabe, de O Último
Samurai).
Até que um dia vem a Segunda Guerra Mundial
e acaba aquele sistema de vida.
Nada
realista, estilizado, sem lidar com qualquer situação política, o filme não
chega a ter um alcance muito grande e duvida que
seja descoberto aqui pelo publico feminino ainda
mais diante de tantas opções do Oscar®.
Mas fica a dica. Elas vão gostar e entender
melhor o que para outros é apenas um filme
bonito.
Por
Rubens Ewald Filho