25
de maio de
2005
Finalmente
estréia o mais famoso filme do Festival de Cannes do ano
passado. O diretor coreano Park Chan-Wook é cultuado e o famoso
site Aint it cool News, havia escolhido um filme dele, Sympathy
for Mr. Vengeance (2002) como o melhor do ano de 2003. Um dos
admiradores dele era o diretor Quentin Tarantino, até porque
este filme tem a cara dele. Mesmo os que irão detestá-lo têm
que admitir seu impacto e o talento do realizador.
Feito
com a garra e criatividade de um Nikita de Luc Besson, só que
com a tecnologia já mais avançada
e a filosofia por trás de tudo completamente oriental.
Sou grande admirador do cinema do Oriente, seja Hong Kong,
sejam agora as emergentes Tailândia e Coréia do
Sul, de onde finalmente parece estar vindo algo de novo. E
Old Boy é novo,
e é velho. Baseado numa antiga história em quadrinhos
japonesa, de Minegishi Nobuaki e Tsuchiya Garon, traz um excelente
ator no papel central (Choi Min- Sik), numa história
que não é tão linear quanto eu vou tentar
apresentar aqui. Ele é um bêbado e desordeiro,
que é fechado
num quarto, e vigiado durante 15 anos. Sem explicações.
Certamente foi colocado ali por um inimigo (já que existiria
esse tipo de organização
e punição). Quando consegue sair finalmente, vai
em busca de vingança.
Ou seja, é vingança por trás de outra vingança
muito mais elaborada, que inclui uma série de reviravoltas
chocantes (uma tortura, onde se arranca os dentes da frente do
inimigo.
Sem
esquecer outro momento forte quando a língua de alguém é cortada).
O fatalismo vem do oriente mesmo, o que dá um clima de
tragédia à aventura, que beira a ficção
científica (porque alterna cenas de delírio provocado
pelo antigo hipnotismo). Extremamente bem realizado, com todos
os tiques de visual atuais (mas não excesso de efeitos
digitais, não é Van Helsing, Deus nos livre e guarde). É certamente mais doentio, trazendo como herói
um sujeito com cabelo desgrenhado, nenhuma moral, extrema violência
e que, ainda estraga a vida daqueles que ama (mas a fita se pergunta,
mesmo sendo ele pior que uma besta, também não
tem o direito de viver?).
Só que é mesmo um filme muito complexo para ser
descrito, é uma experiência áudio-visual
com esplêndida fotografia e montagem.
Por Rubens Ewald Filho
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