OLIVER TWIST (Oliver Twist)
 


20 de novembro de 2005

Bonito, bem produzido, bem feito, o Oliver Twist versão Polanski, é uma digna adaptação do famoso romance de Charles Dickens (1812-1870). Mas tem alguns problemas, talvez insolúveis. Já houve antes 16 outras versões cinematográficas da mesma história, seja como desenho animado (Oliver & Companhia), história gay (Twist - 2003), o clássico britânico (1948, de David Lean, com Alec Guinness) e principalmente musical “Oliver!” (1968, de Oliver Reed, vencedor do Oscar de melhor filme e um clássico do gênero). Ou seja, contando as versões de telefilme, é provável que você já conheça a história e a tenha visto de alguma forma ou jeito. Então, não apenas não terá qualquer surpresa, como será capaz de adivinhar seu desenrolar.

OK, vamos supor que o jovem de hoje não saiba nada e que Polanski tenha feito o filme mesmo para seus filhos pequenos poderem assistir. Nesse caso, o problema é o outro. Ainda que bonito, o filme é frio, o elenco medíocre (com exceções), a paisagem interessante (temos a Republica Checa passando pela Londres vitoriana), mas numa história longa não espere grandes reações. O roteirista de O Pianista até que procurou ser mais fiel e mais realista (a prostituta Nancy que geralmente é uma mulher feita, aqui é interpretada por uma adolescente, que detesta o criminoso Bill Sykes, que a explora, e não é apaixonada por ele como no musical). Também a história do jovem órfão apelidado de Twist é contada desde o começo e não há a história do medalhão que é reconhecido como sendo de uma família rica. Ou seja, aparentemente menos romântico, menos fantasioso. Mas nem tanto, porque não devem ter deixado Polanski retratar a sordidez da vida na rua, ainda mais naqueles tempos sem esgoto e muita hipocrisia.

A única exceção notável à mediocridade do elenco, é a figura do ilustre Sir Ben Kingsley, que faz o perigoso papel de Fagin, o explorador de garotos que os treina para serem batedores de carteiras e ladrões nas ruas da cidade. Acontece que ele seria originalmente judeu e por isso a caricatura tem sido criticada (como no caso de Guinness que aumentou o nariz aquilino). Mas Kingsley com sua indiscutível competência consegue driblar as armadilhas e criar uma figura convincente, meio bandido, meio humano. Infelizmente nem o garoto que faz Oliver (Barney Clark), nem seu melhor amigo Artful Dodger (Harry Eden, num personagem que tem bem menos destaque que em outras versões) deixam grande impressão.
Um resumo rápido: em 1830, em Londres, um menino órfão se une a um grupo de pequenos ladrões de rua que trabalham para o velho Fagin que por sua vez é explorado por um perigoso assassino Bill Sykes (o ator aqui também não ajuda). Mas durante um roubo, acaba fazendo amizade com um velho rico que pensa em adotá-lo.

Alguns críticos registram a elegância dos sets e figurinos, e a humanidade dos personagens. A mim não impressionou, mas fica o registro.

Por Rubens Ewald Filho

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