9
de abril de
2004
Este é o
melhor filme de Sérgio Rezende (o anterior, Quase
Nada,
também foi bom), um filme humano, maduro, sensível
e que tem o grande mérito de trazer uma excepcional interpretação
de Juca de Oliveira. Sempre um grande ator, mas geralmente restrito
ao teatro (onde se consagrou também como autor), ele conseguiu
um personagem “bigger than life”, maior que a vida,
capaz de dar vazão ao seu histrionismo, sua exuberância,
que infelizmente tem pouco aparecido no cinema. Se tivéssemos
um Oscar brasileiro ele já, por direito, seria de Juca.
Apesar
de tantas qualidades, é possível que o
filme não encontre seu público nas salas porque é sobre
pessoas com mais de 60 anos e cujo tema é a morte, um
total veneno de bilheteria quando os maiores freqüentadores
das salas são adolescentes. Resta o consolo das boas críticas.
Não que o filme seja perfeito (tem um rapaz, que não
vou dizer o nome, fazendo o sobrinho de Castrinho que se torna
o companheiro de aventuras de Juca, que é muito fraco.
O passado circense do herói também não fica
muito claro). Em compensação, o filme todo está repleto
de citações de (a) Fellini e ao melhor cinema italiano.
Juca
faz um ex-palhaço de sucesso na televisão
que sofre por ter perdido a fama e o parceiro (José Wilker)
que se matou misteriosamente. Quando a esposa (Drica Moraes
que tem pouquíssimas chances) morre, ele nem vai ao
enterro, prefere ir jogar pôquer com os amigos (o que
permite deliciosas aparições de José Vasconcellos
e Castrinho, que está ficando cada vez melhor).
Na
vontade de procurar um novo parceiro, vai até o Nordeste,
primeiro ao Piauí onde reencontra um amigo (o genial José Dumont,
bom como sempre) e depois ao Ceará. O filme parece se
encaminhar para um beco sem saída, mas felizmente consegue
se solucionar sem comprometer.
E consegue
mostrar um Brasil humilde, pobre, mas não
triste, nem miserável. Por vezes até se vislumbra
as belezas do Nordeste. Um bom filme nacional é Onde
Anda Você. Procure conhecer
Por Rubens Ewald Filho
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(FOTOS: DIVULGAÇÃO UIP) |