PARADISE NOW (Paradise Now)
 


26 de janeiro de 2006

Foi o vencedor do Globo de Ouro de filme estrangeiro e possivelmente deve ficar na lista do Oscar© da categoria. Também ganhou três prêmios paralelos em Berlim e roteiro do European Film Awards (fora prêmios menores). Mas não sei até que ponto a Academia irá abraçar um filme palestino que conta a história de dois terroristas suicidas, a versão moderna dos kamizazes japoneses. Embora o filme afirme não apoiar a tese deles, tampouco a condena, nem a aprofunda, deixando a impressão dúbia (na verdade, a experiência ensina que ao contar uma história você automaticamente glamuriza a situação , humaniza suas figuras e assim provoca imitações).

O filme de Hany Abu-Assad (palestino nascido em Israel e que tem cinco outros longas em sua carreira) é muito seco, austero e mesmo pobre. Limita-se a acompanhar durante dois dias antes do ataque, dois rapazes palestinos amigos e mecânicos de garagem e que estão dispostos a serem homens-bomba, dois amigos de que se sabe pouco (um deles a gente vê em família e uma moça que encontram). A não ser que são fanáticos religiosos, já que tem certeza que assim que morrerem virão dois anjos os recolherem para levar para o paraíso (daí o titulo que não traduziram).

E mostra-se tudo com frieza, mas também repleto de pequenos detalhes do cotidiano (a câmera que não funciona quando ele grava sua mensagem e assim tem que repetir. O líder do grupo que parece um burocrata). A maior critica a ação da dupla vem uma mulher Suha que estava começando um namoro com um deles. Ela nasceu na França e tem certo status porque é filha de um antigo líder. Mas ela não aprova o suicídio, até porque acha que as regras islâmicas proíbem o suicídio (e se alguém se mata não se qualifica como mártir, portanto não iria para o paraíso como eles querem). E também acha que os efeitos das bombas é criar vitimas inocentes e inspirar um ciclo de violência interminável.

Mas não senti que o filme tenha conseguido discutir a situação. Descreve a ação de dois candidatos a terrorista, deixando muita coisa no ar, tudo justificado em nome da religião. Alguns sentiram no filme um clima de suspense, de thriller que não chegou a me afetar. Mas sem duvida sentimos a paranóia em que vive todos na região

Por Rubens Ewald Filho

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