26
de janeiro de 2006
A
gente reclama sempre que Hollywood faz filmes para
débeis mentais e se esquece de que com freqüência,
principalmente as vésperas das premiações,
também sabem produzir fitas inquietantes,
diferentes, ousadas como este A Passagem que
infelizmente foi total fracasso nos EUA (quando estreou
em fim
de outubro) e esta sendo esquecido pelos críticos
e premiações. Mas fiquem atentos, porque é uma
fita de qualidade que confirma o talento do diretor
Marc Foster (Em busca da Terra do Nunca,
A Última Ceia). Ele aproveita um roteiro de David
Benioff
de Tróia e A Última
Noite,
de Spike Lee. Um filme estranho que não se
explica até o
momento final e assim mesmo sem dar muitas razões
(parece que em DVD teremos outros detalhes e até uns
planos finais que foram eliminados).
Como
este é um filme que só se explica
pela cena final, fica meio difícil mesmo entrar
em detalhes sobre ele sob pena de depois ficarem
reclamando que eu estrago o prazer de ver um filme.
E não vou fazer isso, porque eu fui envolvido
pela história, que fui acompanhando com curiosidade,
sem entender alguns detalhes. Mas tudo era tão
bem feito, com um visual tão interessante
que não me perturbou (há uma utilização
de imagens digitais muito interessantes, particularmente
ao final). Na verdade, a ambientação
da fita é notável, utilizando uma arquitetura
desconhecida de Nova York (por exemplo, a cena dos
degraus da escadaria em espiral foi na Catedral de
St. John). Com imagens impressionantes e que vão
dando um clima ao filme, que nos deixa sempre na
ponta da cadeira. O que está acontecendo mesmo?
Basicamente é sobre
um jovem psiquiatra (Ewan McGregor, desta vez num
bom momento) que tenta cuidar
de um estudante (Ryan Gosling, o talentoso rapaz
de Tolerância Zero e Diário
de uma Paixão)
que pretende se matar no sábado a meia noite
(ele já tinha aparecido no começo do
filme em imagens confusas e aparentemente seria o
narrador da história). Preocupado, Ewan procura
a ex--psiquiatra dele (a comediante Jeaneane Garofalo,
completamente diferente, irreconhecível mas
convincente), sua mãe (Kate, filha de Richard
Burton), o que parece ser o pai dele (Bob Hoskins,
que primeiro surge cego), é mordido por seu
cão. E principalmente Ewan tem problemas com
sua namorada (Naomi Watts de King Kong) que também
escapou de um suicídio.
Enfim,
já que não podemos analisar
mais profundamente o filme, fica esta primeira recomendação
de A Passagem como um trabalho inteligente
e que se o publico tiver a chance de descobri-lo
provavelmente
irá gostar, particularmente no Brasil. Procure
conhece-lo.
Por
Rubens Ewald Filho