18 de abril de 2006
Se você tiver a sensação de já ter visto este filme antes, é simples: é provável que sim, que alguma vez você já tenha esbarrado neste terror/suspense, feito antes em 1979, e depois refeito para a TV em 1993 (o primeiro homônimo tinha alguns momentos de legítimo suspense, com Carol Kane, e aquele roteiro é creditado aqui como origem desta versão).
De qualquer forma, a história não é original, e houve variações dela desde “Sorry, Wrong Number” (A Vida por um Fio), com Bárbara Stanwyck, sendo esta a mais notável (ela houve, por engano, uma ligação onde planejam seu assassinato, tenta pedir socorro, mas é em vão). Dizem que teria sido inspirada inclusive, em uma lenda urbana.
A diferença desta versão é que ela é praticamente toda rodada numa mansão ultra-moderna, isolada, onde novamente uma heroína se comporta de maneira idiota, fazendo tudo errado.
A direção é de um sujeito que começou fazendo filmes importantes (A Filha do General, o primeiro Lara Croft e Con Air) e agora está decaindo. Mas ele tem habilidade artesanal, e cria certo clima (deixa sempre a moça enquadrada com alguma figura ameaçadora por trás, deixando sempre o espectador inquieto, embora evite sustos fáceis).
A protagonista é a interessante Camilla Belle (que tem olhos caídos como os de Liza Minnelli, ou de um palhaço), que foi revelada em “The Ballad of Jack and Rose”, mas que nem sempre consegue segurar as situações de terror constante.
A história é a de sempre: uma estudante tem que trabalhar de babá, para pagar uma dívida (no caso, seus pais, rígidos, exigem que ela cubra um excesso de despesa com seu celular, tirando-lhe o aparelho, o que é necessário para a trama, que por sinal também elimina, quase sempre ao menos, a utilidade dos binas, identificadores de chamadas).
O roteiro não chega a ser ruim, até porque o filme é curto, a casa é muito interessante, cheia de obras de arte moderna, e também com um aviário no centro.
A figura do criminoso (sugerido, num pequeno prólogo), também mal chega a ser vista, até o plano quase no final (bastante eficiente).
O filme foi bem de bilheteria, custou apenas 15 milhões de dólares e rendeu 27! (mas aqui, a sala em que assisti, sábado, estava vazia), o que demonstra que foi eficiente em segurar a atenção, sem apelar para excessos de violência ou recursos banais (fora o uso de um gato preto e de uma amiga que aparece, absurdamente, naquela casa fora de mão, só para termos mais uma vitima para assustar).
E tem mesmo, certo estilo.
Por
Rubens Ewald Filho