QUEM É MORTO SEMPRE APARECE (The Big White)
 


09 de dezembro de 2005

Robin Williams devia ter aprendido a lição com Morte a Smoochy (que saiu aqui direto em home-video), e não fazer uma outra comédia de humor negro, já que o gênero é difícil e de pouca aceitação popular. E que raramente dá certo. Apesar de um excelente elenco e de uma filmagem difícil (em paisagens geladas do Canadá), esta fita lembra por demais Fargo.

E, como sempre, a comparação é desfavorável. Chamaram um inglês para dirigir (talvez pensando que os britânicos têm experiência no gênero), Mark Mylod, de Ali G. Indahouse, mas isso pouco acrescenta. O filme tenta decolar, provocar algum riso, ao menos um sorriso. E quase nunca acerta.

Robin faz o protagonista, que deveria nos provocar simpatia. Ele é um falido e infeliz dono de agência de viagens, que vive com sua esposa (Holly Hunter), que sofre de uma doença estranha que a faz dizer palavrões e agir de forma grotesca (embora seja uma boa pessoa, o filme insiste em afirmar, e ame o marido, que por sua vez é apaixonado e devotado a ela). Quando jogam um cadáver no lixo em frente à sua loja, Robin tem a idéia de usar o corpo como se fosse o de seu irmão desaparecido e assim conseguir o dinheiro do seguro. Mas tem um investigador que se acha esperto (o chato do Giovanni Ribisi), e resolve infernizar sua vida, sem muito sucesso (Alison Lohman faz a mulher deste, que opera um atendimento telefônico como se fosse uma médium que lhe dá conselhos, o que serve para unificar os personagens). Tem ainda, dois matadores amadores que precisam resgatar o corpo e confirmar o assassinato por encomenda.

A confusão aumenta quando o irmão (Woody Harrelson) reaparece e quer sua parte na fortuna. Sem entrar em detalhes, é mais ou menos a trama desta comédia que lembra muitas outras do gênero (desde O Terceiro Tiro, de Hitchcock), mas não resulta em nada memorável.

Aliás, Robin está envelhecendo mal e perdendo sua verve (que era meio infantil), e o filme em nada lhe ajuda.

Por Rubens Ewald Filho

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