RAINHAS (Reinas)
 


06 de dezembro de 2005

Pela primeira vez fui a novo HSBC Belas Artes, em São Paulo, (que ninguém se deu ao trabalho de me informar que fora reformado), que melhorou bastante com a reforma (melhor saguão, reforma das paredes, cadeiras, mas a projeção ainda achei mediana). E pode ter seu primeiro grande sucesso com esta comédia espanhola que tem tudo para estourar, ou ao menos virar cult.

Embora o diretor seja famoso (ele fez o talentoso Entre as Pernas, com Victoria Abril), o charme é que o filme traz três estrelas de filmes de Almodóvar, Carmen Maura (que fez todos os primeiros dele até Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos e, depois de ter brigado com ele, volta no próximo, “Volver”), Marisa Paredes (de Fale com Ela e Tudo sobre Minha Mãe) e Veronica Forqué (de Kika), com o reforço de outra veterana, Mercedes Sampietro e mais uma argentina, Betina Blum.

Só pelo resumo já dá para se ter uma idéia do que é o filme. Todas interpretam mães de gays que fazem parte do primeiro grupo de homossexuais que poderão se casar oficialmente, já que o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi regulamentado naquele país.

O filme começa devagar, mas vai ficando cada vez mais divertido, numa sucessão de confusões e problemas (sem cair na caricatura ou exagero). Assim, Maura faz a dona de um hotel para gays, que deverá hospedar o evento público, até porque tem um filho participando das bodas coletivas, quando irá se casar com um jovem argentino (aparição inesperada do nosso conhecido, Daniel Hendler, de Whisky, Abraço Partido e Esperando o Messias). O problema é que a mãe dele veio de Buenos Aires com um enorme cachorro, da família (que irá fugir e causar problemas). Ao mesmo tempo, Maura tem problemas com uma greve no hotel por maiores salários, liderada por seu amante cubano (Jorge Perrugoria). Mercedes é a juíza que irá presidir a cerimônia, mas tem restrições ao filho, que irá se casar com um jovem deputado. Tem ainda conflitos com o marido policial e, principalmente, com a mãe do noivo (Forqué), uma mulher que sofre de uma doença que a torna uma insaciável ninfomaníaca (fazendo-a transar sem pudores ou temor às conseqüências). No trem que a leva para o encontro, transa com um desconhecido e surpresas também irão ocorrer. Marisa faz uma atriz famosa (e uma das melhores piadas é quando o pai do noivo, por acaso seu jardineiro, lhe pede licença para fumar e ela responde: “Pelo amor de Deus, eu já filmei com Almodóvar!”).

O conflito aqui é que ela tem fantasias com o jardineiro, no estilo de O Amante de Lady Chatterley.

As quatro histórias são entrelaçadas com várias confusões, trapalhadas e boas piadas. Produzido pela Warner espanhola, o filme é comédia romântica e também farsa. É uma diversão sofisticada e inteligente.

Não perca.

Por Rubens Ewald Filho

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