20
de outubro de 2005
Nunca
imaginei que fosse gostar de um filme sobre skate,
repleto de drogas e situações que poderiam
ser vistas como mau exemplo.
Mas já tinha apreciado o bom documentário
Dogtown and Z-Boys (2001), disponível em DVD,
feito por Stacy Peralta, que é justamente
um dos personagens do filme aqui que se propõe
a contar, agora com atores, como surgiu o fenômeno
que acabou tornando o skate um dos esportes mais
populares da América (se não o mais,
atualmente).
Tudo meio sem querer, nascido justamente com um grupo
de adolescentes pobres, dos quais Peralta era um
deles (que faz o seu papel é Emile Hirsch,
visto em Show de vizinha) e que
revela um inesperado talento e versatilidade).
O
roteiro conta sem maquiagem, com verrugas e tudo,
o lado bonito e feio da saga, numa história
muito bem narrada pela diretora Catherine Hardwicke
(que veio do sucesso Aos Treze).
Mas tudo está no lugar certo: a escolha do
jovem elenco (ou desconhecidos, ou quase novatos
como um dos meninos de Elefante), junto
com veteranos como Rebecca de Mornay (que está voltando ao cinema agora matrona)
e o australiano Heath Ledger tentando provar que é ator
competente, no papel de um dono de loja de surfe
que se torna o drogado líder da turma. Está tentando
salvar sua carreira e não se sai mal.
Embora
a fita não tenha ido bem nos EUA talvez
por culpa da caretice atual deles (custou 25 milhões
e rendeu apenas 11), ela conta tudo direitinho, como
o fenômeno surgiu no bairro de Venice, perto
de Los Angeles, na parte pobre do lugar, nos anos
70, quando um grupo de rapazes não conseguia
espaço para surfar e foram obrigados a inventarem
alternativas, uma delas foi aproveitar uma seca que
estava sucedendo e utilizar como pista, as piscinas
vazias (a pedido do governo) da vizinhança
(a que eles invadiam).
E de repente se tornaram celebridades nacionais,
capa de revista e inventaram os truques que todo
adolescente sonha em repetir. Basicamente o filme é a
epopéia nem sempre brilhante, com muitos baixos
de como eles começaram, tomaram diferentes
caminhos, participaram de competições,
alguns se tornaram estrelas, outros se perderam pelo
caminho.
Sempre
com jeitão de semi-documentário,
com música de rock da época ao fundo,
sem moralismos (mas também sem fazer apologia
da cultura da droga, que estava em seu auge). A filme
estava para ser feito por David Fincher (Clube
da Luta) e seu assistente Fred Durst, mas
não poderia ser melhor realizada do que por
Hardwicke, que lhe deu o tom certo.
O
verdadeiro Peralta faz uma pontinha como o diretor
do episódio de As Panteras.
Vale
a pena conhecer.
Por
Rubens Ewald Filho