ROBERT WISE
 


16 de setembro de 2005

Não consegui resistir à tentação de escrever agora que me chegou a noticia da morte do diretor Robert Wise, aos 91 anos, em Hollywood. Em parte, porque eu o colocava na lista dos meus realizadores preferidos. Não que fosse um grande autor, mas fez tantos filmes bons, de gêneros tão diferentes, que não conseguia deixar de ter enorme admiração por ele. Acho que foi de sua geração, o mais competente profissional, além de ter sido uma pessoa extremamente simpática e gentil (quando lhe perguntei porque tinha se aposentado, nem assim se aborreceu, dizendo que nunca tinha feito isso, é que nunca mais conseguiu financiamento para seus filmes por causa da idade, foi o cinema que o aposentou não por vontade dele).

E não é só por causa de “West Side Story” que todo mundo sabe é dos meus cinco filmes preferidos em todos os tempos.

Nem “A Noviça Rebelde” que é, e sempre será uma delicia de assistir (apesar do sentimento culposo). Mas por outros filmes extraordinários que fez, entre eles “Punhos de Campeão” (“The Set-up”) com Robert Ryan, que muitos anos antes de “24 horas” , já tinha o tempo real (igual ao da projeção) numa grande história de boxe (outro filme excelente dele no mesmo genero foi “Marcado pela Sarjeta”, que foi a fita que consagrou Paul Newman e deu a primeira chance a Steve McQueen). Ou seja, algo ele fazia certo. E tem mais, o ficção cientifica pioneiro e ainda hoje notável, “O dia em que a Terra Parou” (agora em DVD no Brasil), “Quero Viver” com o show de Susan Hayward (e que ainda é um dos melhores filmes contra a pena de morte). E outros teríamos (“Dois na Gangorra”, “Um Homem e Dez Destinos”, “Três Segredos” que marcou minha infância).

Wise esteve algumas vezes no Brasil, numa delas, o Emílio da UIP, me convidou para conversar com ele, nem foi entrevista foi bate papo mesmo, onde resolvi duas dúvidas 1º) porque chamaram Richard Beymer para “West Side Story” quando ele era muito ruim (sempre achei que ele fosse caso de alguém importante). Wise disse que foi simplesmente porque acharam que era o melhor disponível no momento. Mas não falou mal do moço. 2º) porque “Star” foi um fracasso? Wise disse que era porque o público não queria ver Julie Andrews naquele papel (no fundo é porque a fita é sem graça). Noutra vez em San Sebastian (por acaso onde recebia prêmio pela carreira justamente quando morreu), tivemos outra entrevista mais longa, que agora pertence a HBO Latina onde recordou melhor seu aprendizado com Orson Welles na RKO, onde montou “Cidadão Kane”, com Val Lewton, sempre com incrível modéstia e cortesia. Nunca se achando o tal, mas fiz questão de deixar claro para ele, meus respeitos.

Se o cinema atual tivesse outros como Wise, estaríamos em melhores condições.

Por Rubens Ewald Filho

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