10
de junho de
2005
Não
passa de uma aventura banal, sem novidades. Muito mais curioso é o
fato de que ela foi dirigida por um certo Breck, que é filho
do Big Boss da Disney, Michael Eisner (que por sinal está para
perder o cargo depois de 20 anos de total poder). Custou 130
milhões de dólares e não rendeu nem 70 nos
EUA. Além disso, provocou uma complicada situação
porque o autor do livro original, Clive Cussler, não gostou
do resultado e resolveu processar os realizadores (já que
ele tinha aprovação do resultado final). Ou seja,
esta fita é mais curiosa por ter sido feita por um filho
de multimilionário que em vez de procurar fazer um trabalho
pessoal ou ousado, procurou emular o que a Disney fez de pior
nos últimos anos, as superproduções de Michael
Bay. E com a proposta de ser apenas a primeira de uma série
de aventuras com o personagem do aventureiro Dirk Pitt (a chamada
diz “A Aventura tem novo nome: Dirk Pitt”).
O problema é que
o roteiro esqueceu de dar a Dirk uma personalidade mais forte,
mais marcante. Melhor dizendo ele ficou
pálido e inexpressivo, sem cara ou tipo. Matthew McConaughey é um
ator neutro, nem feio, nem bonito, razoavelmente atlético
e que nunca se compromete. Mas também não acrescenta.
Não traz o carisma que um Sean Connery acrescentou a James
Bond ou Harrison Ford a Indiana Jones. Portanto, resultou um
personagem medíocre e convencional, sem nada que o identifique.
Aliás, essa indefinição já se nota
no próprio titulo do filme (houve inúmeros Saharas
antes, e este aqui nem tem o deserto como paisagem tão
importante, já que acontece nos rios e fronteiras do Mali).
Dirk fica reduzido a um mero caçador de tesouros, que
trabalha para uma organização fictícia junto
com um parceiro e amigo (Steve Zahn como alivio cômico)
e um chefe compreensivo (William H. Macy). Seu sonho é encontrar um tesouro que existiria num navio
da Guerra Civil Americana que teria ido parar na Costa da África.
Enquanto isso, se envolve com uma doutora que trabalha para a OMS
(Organização Mundial da Saúde) e procura
evitar uma peste na região (assim Penélope Cruz
desta vez fala muito pouco e não atrapalha). Os vilões
são um ditador africano sem escrúpulos que se aliou
a um industrial francês (Lambert Wilson), que não
tem problemas em provocar poluição com lixo atômico.
O final
dele é curioso e irônico, ainda mais porque
feito por agente da CIA. Rodado em locações na
Espanha, Inglaterra e o tradicional Marrocos, o filme tem a tradicional
dose de perseguições e explosões (ganha
pique, porém, apenas nos 15 minutos finais quando se torna
um pouco mais empolgante). O diretor Eisner não revela
qualquer personalidade (embora tenha deixado passar uma boa frase
nos diálogos quando há o comentário: “Não
tem problemas, ninguém se incomoda com o que acontece
com a África”. Este novo “Sahara” é fácil
de ver, mas totalmente sem sabor ou originalidade. Muito difícil
sair daqui um novo herói para filmes de aventura, e olha
que mais do que nunca o cinema precisava de heróis de
ação/aventura.
Por Rubens Ewald Filho
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