27
de setembro de 2005
Parece
um filme francês intelectualizado dos anos
80.
Daqueles que interessam apenas aos amigos de um certo
cineasta.
Mas na verdade, é um filme gaúcho que
foi mal recebido no último Festival de Gramado
(onde lhe deram como consolação, o
prêmio de melhor montagem para o bem-quisto
Giba Assis Brasil).
Não sei o que atrapalha mais, se sua falta
de sentido, ou sua pretensão. A seqüência
inicial que mostra Camila Pitanga tendo um orgasmo
(não se vê grande coisa mas é uma
cena fortinha) no fundo só existe como réplica
aos exibidores e distribuidores do filme anterior
de Gerbase, “Tolerância”, 2000,
que deixou de atrair adolescentes porque ele recusou
cortar uma cena forte que lhe proibiu a fita para
menores. Um inside joke que também é pirraça.
Enfim, o diretor parece se importar pouco com o espectador
porque conta uma história sobre o ambiente
dos cineastas gaúchos, que não podem
ser tantos, dadas as condições precárias
em que vivem o nosso cinema.
Assim,
usando uma estrutura clássica de enquête
sobre alguém que morreu, estilo Cidadão
Kane, é sobre um diretor de curtas,
Rudi Veronese (o gaúcho Marcelo Breda que
teve certo sucesso depois do filme Feliz
Ano Velho) que morre inesperadamente durante uma
reunião/discussão da classe. Sua namorada,
a sempre deslumbrante Maria Fernanda Cândido,
entra em crise, com ciúmes retrospectivos
da atriz preferida dele (Camila, que até se
sai bem em vários personificações)
e remexendo nos textos que encontra do falecido,
alguns roteiros que vários colegas se interessam
em filmar (como se fosse tão fácil
assim).
Ocorre
até briga com eles, porque um destes,
começa e interrompe a filmagem, até a
própria Maria Fernanda resolveu assumir a
adaptação. O titulo poético
do filme alias se refere ao próprio cinema,
já que as antigas películas continham
esse componente, sal de prata.
E
o filme propõe também uma discussão
entre o fim da película e começo do
cinema digital (certamente um assunto que arrebatará multidões).
Engraçado que quando um filme começa
tropeçando difícil recuperar-se e isso
não sucede aqui, onde os diálogos e
as situações e principalmente a metalinguagem
vão ficando cada vez mais absurdas e aleatórias.
Outro filme brasileiro que vai passar em branco
Por
Rubens Ewald Filho