14
de março de 2006
Aão há dúvida que o britânico Stephen Frears, é um dos cineastas mais interessantes do momento (na verdade, mantém esta posição há muitos anos, desde o sucesso de “Minha Adorável Lavanderia” (1985), que era parecido com o atual “Brokeback Mountain” e que causou igual furor, mas apenas no circuito de arte).Desde então ele se confirmou com filmes como “Ligações Perigosas”, “Os Imorais”, “A Van”, “Liam”, “Alta Fidelidade” etc.).
Este seu trabalho mais recente, rendeu nova e merecida indicação ao Oscar à Dame Judi Dench - e também de figurino, para a experiente Sandy Powell. O jeito, é ver este filme como uma diversão, um entreato em seus trabalhos mais engajados e sociais. Ele deve sempre ter tido vontade de realizar um musical, e aqui encontrou o jeito, contando uma história real, de uma rica viúva inglesa Mrs. Henderson que, quando o marido lhe deixa um velho teatro no Soho de Londres, resolve se divertir e financiar um empresário (Hoskins) numa série de shows de teatro revista. E quando o negócio vai mal, usando de sua influência, consegue liberar no palco, o chamado “nu artístico” (garotas nuas, desde que, sem se mexerem), o que teria grande repercussão no gênero. Com muito bom gosto, produção refinada, elenco sempre competente e alguns números musicais (sempre num palco, por isso não se tem a impressão de estar assistindo a um musical), o filme é sempre impecável.
O personagem de Judi, conforme retratado no filme é uma mulher infeliz, que nunca se conformou com a morte do filho na Primeira Guerra Mundial (e com freqüência visita de avião seu tumulo na França), e que acaba tendo uma paixonite pelo empresário judeu e casado. O clímax é quando vem a Guerra e o teatro, que funcionava 24 horas, segue aberto, inclusive durante os bombardeios. Há algumas tramas paralelas, a maior delas é a de uma garota corista - que o filme faz questão de dizer que eram boas moças -, que se apaixona por soldado e fica grávida, causando confusões e motivo para certo melodrama. Não é a melhor das tramas, mas o filme suporta esses entraves.
Não consigo deixar de simpatizar com um filme desses, que faz o elogio do show (que não pode parar) e de uma deliciosa, e excêntrica Mecenas. Judi naturalmente, é aquela figura cheia de classe e elegância. Não deve ganhou o Oscar, porque devem achar que ela faz o de sempre.
O filme é muito bonito, atraente, bom de ver.
Uma curiosidade: a história desse teatro já havia sido contada em “No Coração de uma Cidade” (“Tonight and Everynight” - 1945) com Rita Hayworth que naturalmente omitia tanto a história dos nus artísticos quanto da Sra. Henderson, mas também contava a história de uma corista infeliz que namora um soldado.
Por
Rubens Ewald Filho