01
de fevereiro de 2004
Não confiava muito em Robert Duvall como diretor porque
ele tem a mania de fazer filmes com diálogos improvisados,
caindo na banalidade com cenas longas, intermináveis e
sem graça alguma. Seu O Apostolo era quase insuportável.
Mas tinha esperanças neste filme, já que há muitos
anos Duvall é apaixonado pelo Tango (há uma década
atrás assisti na Argentina um documentário que
ele fez sobre a dança que ele pratica regularmente). Ou
seja, podia acertar com um projeto tão pessoal. Mas não.
Este filme é um estupor, chato, mal armado, mal contado,
tem mais finais que o O Retorno do Rei. E nem o Tango se vê direito
(por favor, melhor alugar o filme de Carlos Saura).
Nada
me convenceu, nem mesmo a relação dele com
a moça argentina bailarina de tango Luciana Pedraza (que
fala para dentro e me fez supor que era a mulher dele, já que
Duvall vive com uma argentina. Só isso pode explicar porque
aquela mulher tem um papel principal num filme).
Não
acho mais possível suportar protagonistas
que são assassinos profissionais (afinal quantos existem
no mundo? Para ter tantos filmes sobre eles... E por que devo
eu espectador me interessar por seus problemas se são
assassinos pagos, frios, impiedosos e danosos. Cadeia para eles).
Enfim.
Duvall faz um veterano assassino profissional do Brooklyn que
vai para Buenos Aires (que é mal mostrada, sem qualquer
ranço turístico) fazer um serviço matar
um antigo general que está acima da lei. O serviço é mal
armado e amadorístico e atrasa-se quando o oficial sofre
acidente e passa semanas no hospital. Nesse meio tempo, Duvall
descobre os segredos do tango e se envolve com uma bailarina
(mas ele tem mulher e uma enteada a quem adora) mas nada é bem
resolvido ou definido (nem mesmo o que sucede com os conspiradores,
da a entender que eram os próprios governantes que desejavam
a morte do general).
Feito
com tempos mortos, papo banal, elenco deficiente (o único
momento curioso é quando Duvall deixa falar uma dançarina
veterana que tenta definir o que é Tango).
Nem
mesmo sabe mostrar direito uma dança (que como se
sabe pode ser coreográficamente rica e fascinante).
Só não
sai no meio por amor a camisa (e ingresso que paguei). Mas é muito
ruim.
Por Rubens Ewald Filho
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