TERRA FRIA (North Country)
 


14 de março de 2006

Este não foi um grande ano para interpretações femininas no cinema, ao menos em papéis centrais.

Por esta razão, Charlize Theron conseguiu ser indicada ao Oscar por este “Terra Fria”, que foi um tremendo fracasso de bilheteria nos EUA, e não creio que vá muito melhor por aqui (aliás, este ano nenhum deles está dando certo, até porque são quase todos de arte, engajados e políticos).

Charlize foi indicada por uma questão de prestígio, depois de ter ganhado dois anos antes por “Monster”.Na verdade, ela não está especialmente bem, parecendo frágil e artificial num papel difícil (que a gente compara com Sally Field em “Norma Rae", que tinha muito mais garra e presença).  

A importância do projeto seria porque é o primeiro filme americano da diretora neozelandesa Niki Caro (que fez sucesso com o seu “Encantadora de Baleias”), o que explica também o excelente elenco que conseguiu reunir.

Mas falta algo ao filme, difícil dizer exatamente o que.  Afinal a história deveria ser empolgante, porque fala de assuntos importantes para a mulher, além de ter sido inspirado em fatos reais. Ainda que romanceado. Foi a primeira história de um bem-sucedido caso de processo de “assédio sexual” (“sexual harrassment”) nos EUA: Jenson x Minas Eveleth, de 1984 (na realidade, o caso só foi finalizado em 1998, dez anos depois de iniciado e 20 depois que o assédios e violências começaram).

Passa-se numa cidade mineradora do estado de Minneapolis, em que Josey faz parte de uma família de trabalhadores da mina, mas porque tem que sustentar sozinha os filhos aceita ir trabalhar no lugar, mesmo com perigo e riscos. Mas o pior são os maltratos que sofre nas mãos dos colegas homens, que a humilham, pregam peças e, por vezes, até brutalizam. Sem que nenhuma das trabalhadoras tenha coragem de tomar uma atitude. A pressão chega até o ponto em que a heroína resolve levar o caso aos tribunais, provocando ainda mais a ira dos colegas e a incompreensão de praticamente todo mundo. Woody Harrelson é seu advogado, e a figura mais marcante do filme - também indicada ao Oscar de coadjuvante - é a sempre excelente Frances McDormand, que faz uma amiga dela, também operária, que sofre de uma doença que a vai matando aos poucos. É verdade que a situação é resolvida de forma pouco convincente e já sabe que boas intenções não resultam sempre em bons filmes.

Este aqui fica num meio termo, mais ou menos como a presença chocha e sem ânimo de Charlize.

Aonde está aquela mulher com fogo de “Monster”? Não aqui.

Por Rubens Ewald Filho

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