26
de janeiro de 2006
Vanity
Fair é o nome de uma das revistas americanas
de maior prestígio e sofisticação.
Foi inspirada no livro de William Thackeray de 1848
que justamente dá origem a este filme (fracasso
nos EUA, nos chegou com bastante atraso) que já teve
versões anteriores (a mais famosa em 1911;
15, 22, 23, 32, 35 – a mais conhecida como
Becky Sharp, com Miriam Hopkins, dirigida por Rouben
Mamoulian, com Technicolor ainda experimental e para
a tevê em 1967, 87 e 98).
Este
projeto tem duas novidades: a presença
de Reese Witherspoon, que havia se tornado estrela
com Legalmente Loira e queria experimentar
novos desafios, e a presença na direção
da indiana Mira Nair (e isso explica porque o filme
tem um toque indiano muito forte, inclusive com um
número musical que lembra muito as fitas da Índia).
O roteiro é de Julian Fellows (que escreveu
Assassinato em Gosford Park e dirigiu Separate Lies
que está para estrear).
Por outro lado, alguma coisa deu errado. Talvez falte
uma visão mais definida e objetiva por parte
da direção que não conseguiu
encontrar o tom certo para narrar as façanhas
da heroína, na dúvida entre condená-la
ou se divertir com ela. Ficou num meio termo que
resulta insosso. Além disso, Reese com seu
queixo de cotovelo, pode ser uma figura saltitante,
mas está longe de ser uma mulher atraente
ou sedutora. Ou seja, é errada para o papel
de Becky Sharp, uma londrina do século 19
que nasce muito pobre, filha de um pintor alcoólatra
que usa todas as armas para subir na vida, desde
quando é uma modesta governanta até subir
na sociedade.
No
filme ela é mais boazinha do que no original
(uma pena porque o personagem de cavadora de ouro
cínica e sem escrúpulos é sempre
mais divertido). Ou seja, se perde bastante o tom
de sátira social do livro (já se percebe
pelo próprio título). Aqui Becky através
de uma amiga consegue se aproximar da família
de um excêntrico Sir Pitt (Bob Hoskins) e cair
nas graças de sua irmã Matilde (a ótima
Eileen Atkins) acabando por se casar com seu sobrinho
(James Purefoy). A situação se complica
quando reencontra Lord Steyne (Gabriel Byrne). No
final das contas, a melhor coisa é o elenco
de atores ingleses confiáveis (como Rhys Ifans,
Jonathan Rhys Meyers que entrou na moda, Jim Broadbent).
Não consigo deixar de comparar este filme
com a recente adaptação de Orgulho
e Preconceito de Jane Austen, que ainda não
chegou aqui mas é muito mais bem sucedida
(e não apenas porque os personagens são
mais agradáveis e gostáveis).
Não
que este Vanity Fair seja ruim, apenas é longo
e nada memorável.
Por
Rubens Ewald Filho