29
de novembro de
2004
No
Festival de Gramado, demos três prêmios para este
filme (se bem que um deles foi do júri popular) que também
foi das poucas revelações de Cannes 2004. O que
não é pouco para uma fita do Uruguai, um país
pequeno que faz poucos filmes, mas que também tem se aproveitado
da boa fase da vizinha Argentina. É possível que
repita o êxito no circuito de arte até por sua originalidade.
E simpatia.
Com
um humor muito particular, discreto e também bastante
judeu, o filme se chama Whisky (grafado assim mesmo, porque essa
seria a expressão equivalente a Cheese, ou seja, o que
se diz para parecer que está sorrindo ao tirar uma foto).
No caso, são todos anti-heróis. O protagonista é um
velho judeu solitário que tem uma pequena fábrica
de meias de lã (bem fora de moda) com alguns funcionários
(o Uruguai é conhecido como um país de velhos -
porque os jovens emigraram -, onde tudo está meio vazio
e decadente). Até quando vem um irmão que mora
em Miami de visita - para cuidar de detalhes da falecida mãe
deles - e ele pede para uma empregada para fingir ser sua esposa,
para evitar constrangimentos (tudo isso com um mínimo
de detalhes), em troca de uma ajuda financeira. E essa pobre
alma, é muito bem interpretada por Mirella Pascual, se
desincumbe com humildade e eficiência da tarefa. Que inclui
até uma temporada numa cassino também decadente
a beira rio. Discreto, sem movimentos de câmera, os diretores
não deixam a lentidão atrapalhar, porque os personagens
(e os atores) acabam por nos conquistar. Ainda que não
ache a oitava maravilha do mundo, o filme agrada a quem lhe der
a chance.
PS
- Foi indicado ao Oscar oficialmente e me parece ter muito mais
chance que Olga.
Por Rubens Ewald Filho
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