25
de julho de 2005
Nesta
coluna, daremos uma olhada na carreira de um dos maiores compositores
do cinema ainda vivos, o italiano Ennio Morricone.
ENNIO
MORRICONE, “IL MAESTRO”
Nascido
em Roma, em 1928, Ennio Morricone estudou composição
com Goffredo Petrassi no Conservatório de Santa Cecilia.
Trabalhou como arranjador, entre o final dos anos 50 até a
metade dos anos 60, para grandes intérpretes como Mario
Lanza, Charles Aznavour, Paul Anka e Gianni Morandi. Sua primeira
partitura para o cinema data de 1961 (Il Federale, do diretor
Liciano Salce, com quem Morricone trabalhara no teatro). A partir
dos anos 60, Morricone começou a trabalhar com os maiores
diretores do cinema europeu, entre eles Pier Paolo Pasolini (Uccelacci
e Uccellini, 1956, e Salo, or the 120 Days of Sodom, 1975); Mauro
Bolognini (L'Assoluto Naturale, 1969, e Metallo, 1970); Elio
Petri (Investigation of a Citizen Above Suspicion, 1969); e Bernardo
Bertolucci (1900, 1976).
Mas
o diretor efetivamente responsável pela notoriedade
de Morricone foi Sergio Leone, que lançou a moda do Spaghetti
Western. Para filmes como A Fistful of Dollars e The Good, The
Bad and The Ugly, "Il Maestro" estabeleceu um padrão
musical para o gênero, com a utilização de
assovios melódicos, corais incomuns, flauta, guitarra
e trompete. Morricone passou a ser o compositor favorito de Leone,
e seus scores para as outras grandes obras do diretor, Once Upon
A Time in the West (1969), A Fistful of Dynamite (1971) e Once
Upon A Time In America (1984), foram aclamados por sua inventividade
e colorido.
Mesmo
após o sucesso internacional de vendas de seu tema
para The Good, The Bad and The Ugly, o compositor ainda não
era muito conhecido fora do círculo de fãs de cinema
(e de Spaghetti Westerns em especial) e a crescente comunidade
de colecionadores de trilhas sonoras. O tão aguardado
reconhecimento veio com sua universalmente aclamada partitura,
baseada em orquestra e coral, para o épico de Roland Joffé The
Mission (1986). Além de ser um sucesso de venda de discos,
The Mission valeu a Morricone uma de suas cinco indicações
ao Oscar de Melhor Trilha Sonora Original. Anteriormente ele
havia sido indicado por Days of Heaven; suas indicações
posteriores foram para The Untouchables (Brian De Palma, 1987),
Bugsy (1991) e Malèna (2000).
Outras grandes trilhas de Morricone após The Mission foram
Frantic (1988), de Roman Polanski, Casualties of War (1989),
de De Palma, Hamlet (1990), de Zefirelli, Tie Me Up! Tie Me Down!
(1990), de Pedro Almodovar, City of Joy (1992) e In The Line
of Fire (1993), de Wolfgang Petersen. Um de seus trabalhos preferidos
pelo público é Cinema Paradiso (1988), de Giuseppe
Tornatore, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Em
adição aos seus mais de 400 scores de cinema, Morricone
compôs músicas igualmente memoráveis para
minisséries americanas de TV, como Moses the Lawgiver
(1975) e Marco Polo (1982), e vários telefilmes, entre
eles Secret of The Sahara (1987), The Endless Game (1989) e quatro
dos filmes La Piovra para a televisão européia
(1985-1990). A música "Chi mai," tema para a
produção para a TV de Jerzy Kawalerowicz Maddalena
(1971), tornou-se um sucesso internacional após ter sido
utilizada na série da BBC The Life and Times of David
Lloyd George (1981).
As
cinco indicações de Morricone ao Oscar são
apenas algumas das distinções que recebeu. A Academia
Britânica de Cinema e Televisão honrou-o quatro
vezes: recebeu um Globo de Ouro (por The Untouchables); mais
de vinte discos de ouro e platina; cinco prêmios Nastri
d'Argento e quatro David di Donatello; além de incontáveis
honrarias em sua Itália natal e em todo o mundo. Em um
concerto realizado em setembro de 2002 na antiga Arena de Verona,
lançado em DVD na Europa, o compositor regeu algumas de
suas obras cinematográficas mais conhecidas, como Cinema
Paradiso, Once Upon A Time In America, The Legend Of 900, The
Good, The Bad And The Ugly, Once Upon A Time In The West e A
Fistful Of Dynamite. A partir de 2003 o interesse no Spaghetti
Western e nas trilhas de Morricone para o gênero foi reavivado,
graças ao grande sucesso do filme Kill Bill, dirigido
por Quentin Tarantino. Apesar de atualmente sua produção
de trilhas sonoras estar menos prolífica, Morricone continua
a compor e interpretar música para salas de concerto.
Suas mais de 50 composições clássicas incluem
trabalhos para conjuntos de câmara, orquestra sinfônica,
voz solo e coral. A gravadora Virgin gravou e editou várias
de suas peças de câmara; o compositor também é um
dos principais responsáveis pela grupo de improvisações
Nuova Consonanza.
Bom
pessoal, é só por esta coluna. Na próxima,
mais lançamentos em DVD que estão chegando no exterior.
Até lá!
Por Jorge Saldanha |