AS TRILHAS DO EXTERMINADOR
eron@dvdmagazine.com.br

28 de fevereiro de 2005

Quando ouvimos falar sobre a série O EXTERMINADOR DO FUTURO, iniciada em 1984 pelo diretor James Cameron, duas coisas nos vêm à cabeça: Arnold Schwarzenegger com seu bordão “I’ll be Back” e o tema musical do compositor Brad Fiedel. Nesta coluna, vamos falar um pouco sobre as trilhas sonoras dos três filmes até agora realizados, e seus compositores.

 

 

A MÚSICA DA SÉRIE O EXTERMINADOR DO FUTURO

Hoje, O EXTERMINADOR DO FUTURO (The Terminator, 1984) pode ser considerado um moderno clássico da FC, copiado à exaustão por outros filmes. Além de catapultar as carreiras de vários dos envolvidos em sua produção (em especial as de Arnold Schwarzenegger e James Cameron), o filme também revelou o jovem compositor de sua trilha instrumental, Brad Fiedel. Nascido em 1951, nos anos 70 Fiedel foi tecladista da dupla pop Hall and Oates; mas muito em breve, decidiu compor para o cinema. Iniciou por produções baratas e independentes, mas sua carreira somente foi ganhar impulso ao conhecer James Cameron, então um jovem diretor de filmes “B” que o escolheu para compor a trilha de seu "pequeno" épico apocalíptico.

Lançada em LP à mesma época do filme e contendo apenas uma fração do score eletrônico de Fiedel, alguns anos depois a trilha de The Terminator ganhou uma edição em CD. Porém, somente em 1995, graças aos esforços pessoais do compositor e dos amigos Mark Banning e Alan Howarth, este último parceiro de John Carpenter em várias trilhas, o trabalho de Fiedel foi lançado na íntegra em CD (The Terminator: The Definitive Edition). Além de uma história engenhosa, O EXTERMINADOR DO FUTURO é um belo exemplo de como um filme barato pode ter um bom nível técnico. Sua música, em especial, transmite toda a frieza de um mundo do futuro dominado pelas máquinas. Fiedel desenvolveu uma tonalidade de natureza essencialmente mecânica, o que é extremamente lógico em virtude de a história ser comandada pelas ações do exterminador cyborg(Schwarzenegger). Este conceito foi inserido de forma subliminar, na audiência, através de motivos musicais mecânicos, ao invés de humanos. O exemplo maior é o próprio “Terminator Theme”, na qual o quase indestrutível visitante do futuro é retratado por uma percussão eletrônica de 5 notas que lembra uma metralhadora, e um “Bang” metálico de fundo. O tema é incansável, de início totalmente destituído de emoção, transmitindo ao ouvinte o único propósito existente na mente do cyborg. A maior parte do score segue essa linha, enquanto a máquina humanóide persegue os atores Linda Hamilton e Michael Biehn.

Os personagens Sarah Connor (Hamilton) e Kyle Reese (Biehn) são os únicos que recebem um tema emocional da trilha, o adocicado “Love Theme” interpretado basicamente em piano. Este tema foi incorporado ao tema principal, e em O EXTERMINADOR DO FUTURO 2 (Terminator 2: Judgment Day, 1991) marca a esperança no futuro da humanidade. Na primeira parte do filme, Fiedel mesclou estes temas com um efeito percussivo semelhante ao de uma máquina trabalhando continuamente ao fundo. Isto continua até Sarah surgir pilotando seu scooter, quando ouvimos uma curta melodia de piano que acentua o contraste entre a vida presente de Sarah com o seu futuro. À exceção do tema de amor, o restante da trilha possui o espírito “mecânico”, conduzido pelos sintetizadores de Fiedel e o violino elétrico de Ross Levison. Levinson também colaborou com o compositor em outros trabalhos, em especial na trilha do sucesso A HORA DO ESPANTO (Fright Night, 1985), cujo score infelizmente continua inédito até hoje (o CD oficial é uma coletânea de músicas pop, com apenas um tema vocal de Fiedel).

Em 1991, chegou a vez do já citado O EXTERMINADOR DO FUTURO 2, um filme bem mais caro e ambicioso, para o qual Cameron novamente convocou Fiedel para compor a trilha sonora. Apesar de seguir a linha da música do filme original, totalmente interpretada em sintetizadores (desta vez mais sofisticados e modernos), o compositor procurou dar tons mais grandiosos e humanos à nova trilha sonora. Um novo e ameaçador tema foi introduzido para representar o Exterminador vilão T-1000 (Robert Patrick), cuja percussão eletrônica remete à marcha inexorável da máquina capaz de assumir as mais diferentes formas. O conhecido tema do filme original recebeu um arranjo e interpretação mais elaborados, e a trilha de Fiedel recebeu um CD só para ela, lançado à época do filme pelo selo Varése Sarabande. Fiedel colaborou pela última vez com James Cameron em True Lies, desta vez com uma trilha que também utilizava orquestra, com arranjos de Shirley Walker.

Em 2003, o terceiro título da série, O EXTERMINADOR DO FUTURO 3: A REBELIÃO DAS MÁQUINAS, chegou às telas, porém sem qualquer participação de James Cameron ou de Brad Fiedel. Na direção, Jonathan Mostow, que tentou dar rumos diferentes à música e contratou Marco Beltrami para o trabalho. O compositor não era estranho aos filmes de ação e ficção científica, como comprova sua trilha sonora imediatamente anterior, BLADE 2. Outros scores de Beltrami para o gênero fantástico incluem RESIDENT EVIL, que compôs em parceria com Marilyn Manson, MUTAÇÃO, a trilogia PÂNICO e os recentes EU, ROBÔ e HELLBOY. Terminator 3 foi a sua primeira partitura para um filme de grande orçamento, e para criar o score de 85 minutos o compositor utilizou 96 músicos, incluindo 13 percussionistas e um coral de 30 vozes. Fez um ótimo trabalho, criando uma partitura totalmente nova que combina o acompanhamento eletrônico tradicional da série com a grande orquestra.

O score de “T3” possui muita música de suspense e ação, incluindo temas fortes para o velho Exterminador (Arnold Schwarzenegger) e a nova "Terminatrix", a T-X (Kristanna Loken). Mas Beltrami também criou composições melódicas, como a faixa "JC Theme" - o tema de John Connor (Nick Stahl), que é o motivo principal da partitura. Mesmo obtendo o som original que Mostow queria, Beltrami manteve algo da característica fria, metálica das trilhas de Brad Fiedel. É interessante observar que no seu tema do Exterminador ele usa quase que a mesma percussão ouvida no tema original - que, a propósito, foi incluído no álbum da Varèse Sarabande com um interessante arranjo orquestral, ouvido no filme apenas durante os créditos finais.

Comenta-se que haverá um Exterminador do Futuro 4, provavelmente sem o “governator” no elenco mas que certamente contará, novamente, com uma evocativa e envolvente trilha sonora.

Ok pessoal, vamos ficando por aqui. Na próxima coluna, mais novidades sobre lançamentos em DVD no exterior. Até lá!

Por Jorge Saldanha