RESENHA CRTICA: Trama Fantasma (Phantom Thread)

Toda a primeira metade do filme um primor de elegncia e requinte de imagem, de espantar os olhos e os sentidos. Mas...

19/02/2018 10:22 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Trama Fantasma (Phantom Thread)

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Trama Fantasma (Phantom Thread)

EUA, 17. 2h10. Direção e roteiro de Paul Thomas Anderson. Com Daniel Day Lewis, Vicky Krieps, Lesley Manville, Gina McKee, Camilla Rutherford, Brian Gleeson, Harriet Samson Harris. Trilha musical de Jonny Greenwood.

Foi indicado a 6 Oscar (mas esquecido de alguns prêmios porque terminou a finalização com atraso): ator Daniel Day Lewis (no que ele anuncia como se fosse sua despedida a carreira de ator. Ele já tem três Oscar, o que é um Recorde!), coadjuvante (Lesley Manville, veterana atriz que faz a mãe dele e trabalha sempre com Mike Leigh), trilha musical, figurino, direção e melhor filme do ano! Indicado a 2 Globos de Ouro (ator e trilha), para 4 Baftas. O filme é dedicado ao mentor e amigo do diretor, o cineasta Jonathan Demme!

O diretor /autor Paul Thomas Anderson teve durante muito tempo uma reputação de Cult por causa de seus trabalhos em Boogie Nights, 97, Magnólia, 99, Sangue Negro, 07, com o mesmo Daniel Lewis. Mas começou a tropeçar com o incompreensível e pretensioso O Mestre, 12, e o ainda pior Vicio Inerente (14). Felizmente acerta mais com este melodrama romântico, em que também é autor e diretor de fotografia (o que não sabia fazer chamava a ajudar dos câmeras men!). Sem dúvida, uma história diferente ao contar a história (fictícia) de um costureiro famoso e rico, que vive com a discreta mãe e as empregadas (as costureiras do filme, são todas profissionais em geral aposentadas. Como aliás já se viu em documentários sobre o tema!). Ele é chamado de Reynolds Woodcock (este sobrenome provoca uma brincadeira de gosto duvidoso que não vamos traduzir!). Como sempre Daniel fez o que é de seu costume, ficou o tempo todo como o personagem exigindo que os colegas o tratassem sempre como o protagonista e não o ator enquanto também pesquisava sobre figurinos e tecidos das décadas de 1940 e 50! Chegou a fazer estágio nos museus britânicos de Victoria e Albert em Londres, e treinava com a mulher Rebecca Miller experimentando um vestido do lendário Balenciaga. Que na verdade teria sido o inspirador da história, o espanhol Cristobal Balenciaga, 1895-1972, que teve filiais em Londres e Paris e conduzia sua vida como se fosse uma promessa religiosa e era considerado o maior figurinista do século passado! Fizeram documentários com ele que realizou figurinos para filmes como Pecado de Amor com Sara Montiel, O Testamento de Orfeu de Cocteau.

Segundo Thomas ele teve a ideia quando ficou doente de cama e a esposa Maya Rudolph ficou cuidando dele. Sua parceira no filme é para nós uma desconhecida chamada Vicki Kneps (nasceu em Luxemburgo, lembra um pouco Uma Thurman e no filme a pedido do ator sempre teve que chama-lo de Reynolds!). Vicki esteve em alguns filmes grandes como Hanna, Amor e Revolução, o recente Jovem Karl Marx, com cerca de 40 créditos). Tem uma aparência curiosa, alta, magra, tem aparência no filme de alguém simplória e de origem alemã. Mas na verdade a grande interpretação é de Daniel, que não acredito irá ter um quarto Oscar embora de intensidade a seu trabalho.

Na verdade, toda a primeira metade do filme é um primor de elegância e requinte de imagem, de espantar os olhos e os sentidos. Paul Thomas de repente vira um diretor de imagens de grande delicadeza e momentos de discretos conflitos. O costureiro (sem clichês nada tem de homossexual, é uma figura difícil, mas extremamente sério e absorvido por sua obra) muda de vida quando vai para uma casa no litoral, onde num restaurante banal, se interessa por uma jovem garçonete (desastrada e nada elegante), mas por quem ele se interessa. A mãe ao contrário do que se podia imaginar pouco faz a respeito, apenas observa tudo. A heroína então chamada de Alma, se torna modelo favorita dele, mas aos poucos se tornam amantes, sempre com distanciamento.

O interesse continua até a última metade do filme quando há uma reviravolta e fica-se esperando algum retorno, alguma crise mais forte, ou momentos de briga ou maior conflito. Que nada! O filme vai terminando murcho e sem a grandeza que nos fazia esperar, ao ponto de desapontar. Ainda assim ajuda muito a absorvente e delicada trilha musical de Jonny Greenwood britânico do Radiohead, em seu quarto trabalho junto com o diretor.

Essa conclusão opaca acaba evitando o filme de maiores lances e me parece maiores prêmios.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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