Em Guerra por Amor (In Guerra per Amore)

Uma ótima surpresa, este filme mostra que o cinema italiano é um dos melhores do mundo!

11/06/2018 18:00 Por Rubens Ewald Filho
Em Guerra por Amor (In Guerra per Amore)

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Em Guerra por Amor (In Guerra per Amore)

Itália, 16. 1h39min.  Direção e roteiro de Pif. Também roteiro de Michele Astori, Marco Martani. Com Pif, Miriam Leone, Andrea Di Stefano, StellaEgito, Mauricio Maretti, Vincent Riotta.

Foi uma ótima surpresa, fiz confusão com o nome de um filme e tive a sorte de assistir esta deliciosa e política comédia italiana, das melhores que já assisti (na verdade, as salas hoje em dia colocam apenas o título sem maiores referências, ainda mais num caso como este, de um filme italiano que estreou sem qualquer publicidade e as possíveis assessorias de divulgação nem sequer me falaram sobre ele!). Obviamente as poucas críticas foram superficiais, já que o cinema italiano não domina mais com fazia antigamente aqui dos anos quarenta e tanto em diante (e por um longo período de tempo, principalmente porque o cinema italiano entrou em grave crise dominada pela televisão e no Brasil deixou de ter importância a comunidade italiana que havia emigrado para cá). Uma pena que essa infeliz mistura fez com que perdêssemos o lado político, a ironia, a humanidade, os realizadores e atores brilhantes. Acreditem, o cinema italiano já foi o melhor do mundo. E prova disso é este filme para mim até agora desconhecido, inclusive com a presença de um comediante/diretor/ator que tem o nome esquisito de Pif (um italiano que parece ser especializado com a situação de sua Sicilia natal!). Tem outro detalhe esquisito quando fui perceber que o outro ator importante do filme, o tal latino Andrea Di Stefano, era parecido comigo ainda mais de perfil (ele tem sido ator e roteirista e agora diretor de sucesso tendo realizado o drama Escobar Paraíso Proibido). Bom, antes fosse e distante dos tempos em que o Jô Soares me achava parecido com Marlon Brando!

Não foi por causa disso que gostei do filme, mas a mistura incrível que só italiano sabe fazer de crítica social e política misturada com comédia social (a maior parte do filme é uma denúncia escandalosa de um fato real e pouco divulgado, quando os americanos desembarcaram na Sicilia e foram muito bem aceitos porque foram patrocinados pela Máfia, instaurada nos Estados Unidos, inclusive o grande líder deles que foi Lucky Luciano! Foi assim que sumiram com os nazistas e a Máfia a partir dali o que se tornou e até hoje é assim, tudo ainda é controlado e administrado por eles). Na história, há um jovem siciliano Philip (Pif) que se mudou para a Europa mas agora tem um problema porque a mulher que ele ama esta sendo paquerada pelo filho de chefe mafioso. Talvez a única forma de solucionar a confusão seria conseguir a liberação e ordem do pai dela, que está à beira da morte e ainda por cima em pleno conflito de guerra. O meu pseudo sósia é um oficial americano inteiramente honesto e o único a ter coragem de denunciar a jogada da Máfia de tomar o poder, ajudando o avanço das tropas aliadas, mas também se estabelecendo no lugar (matando quem não lhe interessa) fazendo o que bem entende! Tudo felizmente é muito bem temperado com grandes sacadas (além de duas belíssimas jovens envolvidas em romances, mas desconhecidas para nós). Como a disputa de dois velhos, um carregando a imagem do ditador Il Duce e a velha levando a de Nossa Senhora para fugirem dos ataques aéreos! Ou uma dupla ótima de um velho cego e um parceiro que vivem ao léu e na miséria (há uma delicada cena que brinca com o fato deles poderem ser gays!). Isso que eu acho tão bom no cinema italiano, personagens verdadeiros, que riem de sua própria infelicidade e são extremamente humanos. E mesmo em plena guerra, há mais bandidos que heróis...

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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