Era Uma Vez Em Hollywood

Hoje 24 anos depois que o diretor ganhou a Palma de Ouro no mesmo Festival de Cannes, e atraiu aplausos para o seu Pulp Fiction, temos um filme que despertara? interesse e discussoes

14/08/2019 13:15 Por Adilson de Carvalho Santos
Era Uma Vez Em Hollywood

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Quando “Era Uma Vez em Hollywood” foi exibido no último Festival de Cannes, o diretor Quentin Tarantino pediu que não fossem dados spoilers, pois isso comprometeria a experiência de assisti-lo. De fato, há um impacto único e indisfarçável ao assistir ao filme, principalmente ao tratar um dos elementos centrais de seu roteiro, o assassinato da atriz Sharon Tate em 1969 pela quadrilha de fanáticos de Charles Manson.

Longe de pretender realizar um filme biográfico ou documental, Quentin Tarantino usa o real como pano de fundo, para depois mesclá-lo à sua visão de um período particular da indústria a que serve. Se Hollywood já foi chamada de fábrica de sonhos, também é de desilusões, e não está imune às transformações sociais da época com a guerra do Vietnã, a cultura hippie e as mudanças nas concepções de fazer TV e cinema. Assim ocorre na chegada de Rick Dalton (DiCaprio) e Cliff Booth (Brad Pitt) à mítica cidade que dá nome ao novo filme do realizador de sucessos como “Django Livre” e “Kill Bill”, numa clara alusão ao clássico de Sergio Leone de 1968, uma das várias referências no filme.

Há diversos paralelos que coexistem e se associam o tempo todo da narrativa. Quando Dalton, astro de Tv e Cliff, seu amigo e dublê chegam à cidade observam com admiração o glamour de se ter uma casa ao lado de celebridades como Roman Polanski (Rafal Zawierucha) e Sharon Tate (Margot Robbie, a Arlequina de “Esquadrão Suicida”). A própria Sharon parece flutuar em sonho ao entrar em uma sala de cinema que exibe “Arma Secreta Para Matt Helm”, filme que estrela ao lado do astro Dean Martin. O sorriso de Robbie, com olhos voltados para a tela, a coloca em nossa posição diante da verdadeira Sharon Tate em cena, fundindo o real e a ficção, perfeito uso de metalinguagem.

Tarantino recria a realidade a medida que encena representações de astros do passado como os astros Steve McQueen (Damien Lewis), Bruce Lee (Mike Moh), James Stacy (Timothy Olyphant) e , claro o próprio Charles Manson (Damon Herriman, que também o interpretou na série “Mindhuntes”). O filme ainda abre espaço para a despedida de Luke Perry (Riverdale, Barrados no Baile) no papel de Wayne Maunder, co-astro da série de Tv “Lancer” na qual Dalton consegue um papel, resistindo ao conselho do agente Marvin Schwarz (Al Pacino) de se reinventar como astro de western spaghetti. Curiosa é a presença de Nicholas Hammond, uma das crianças Von Trapp de “A Noviça Rebelde” e primeiro ator a fazer o Homem Aranha na TV, nos anos 70. O filme ainda tem um papel pequeno reservado para Maya Hawke (a Robin de “Stranger Things”) – filha de Uma Thurman, musa do diretor. Talvez inadvertidamente, talvez propositalmente, o filme cria um Tarantinoverse evocando imagens que remetem a “Bastardos Inglórios” ao ousar, com a mesma atitude revisionista, mudar fatos históricos como forma de contar a história pretendida.

Hoje 24 anos depois que o diretor ganhou a Palma de Ouro no mesmo Festival de Cannes, e atraiu aplausos para o seu “Pulp Fiction”, temos um filme que despertará interesse e discussões, principalmente em seu climático desfecho, com direito a lança-chamas nas mãos de uma alucinado Leonardo DiCaprio. Com toda razão, a experiência é única e indelével em nossas mentes, confira você mesmo.

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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