Midway - Batalha Em Alto Mar

Em meio a tiros e bombas a historia ja foi escrita e o filme de Emmerich eh um belo espetaculo Hollywoodiano

21/11/2019 14:03 Por Adilson Carvalho dos Santos
Midway - Batalha Em Alto Mar

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Filmes que usam fatos históricos como pano de fundo têm seu charme, e quem gostou de “Pearl Harbor” (2001) certamente apreciará “Midway”, que reconta a batalha naval mais decisiva para o desenrolar da Segunda Guerra.

Roland Emmerich é um mestre na criação de espetáculos visuais como invasão de alienígenas em “Independence Day” (1995) ou desastres ambientais em escala global como “O Dia Depois do Amanhã” (2004) ou “2012” (2009), e “Midway – Batalha em Alto-Mar” não é diferente. O roteiro do estreante Wes Tooke inicia –se com um prólogo em Tokio em 1937 antes do início do conflito mundial, e depois passa ao período entre dezembro de 1941 e junho de 1942, quando os Estados Unidos estavam recém-saídos do ataque a Pearl Harbor com a moral baixa, mas clamando por revanche. A guerra pesa para ambos os lados mas o Japão parece levar a melhor até que os ventos mudam quando o serviço de inteligência americano consegue interceptar e decodificar mensagens que preveem um novo ataque do Império Japonês nas águas do Pacífico Norte em luta pelo controle da região. A estratégia nipônica era baseada na crença de que após Pearl Harbor os americanos estariam desmoralizados e teriam apenas os porta-aviões USS Enterprise (alguém lembra do nome?) e USS Hornet na região. Assim as forças navais japonesas dispersariam os americanos facilitando a derrota destes. O audacioso plano do Almirante Yamamoto acabou isolando a frota japonesa de tal forma que os americanos conseguiram atacar com 3 porta-aviões, 7 cruzadores, 360 aeronaves e 16 submarinos não dando tempo para que as unidades japonesas pudessem se reagrupar e se protegerem à medida que avançavam rumo ao seu objetivo de ocupar o atol de Midway a noroeste do Havaí, posição estratégica para ambos os lados na disputa pela supremacia no Norte do Pacífico.

O CGI faz notável representação da batalha, com belas tomadas aéreas e combates em alto-mar mas não deixam de lado a sensação de videogame mesmo tentando explorar os dramas de pilotos e oficiais de ambos os lados, certamente influenciados pelo que Richard Fleischer fez em “Tora Tora Tora” (1970). A escolha do elenco revela a sintonia com o público de hoje com Ed Skrein (Game of Thrones) à frente do elenco como o piloto rebelde Dick Best cuja habilidade de combate só é superada por sua arrogância. A simpática Mandy Moore faz sua esposa, um papel mais secundário nos bastidores da ação. Outro nome no elenco jovem é Nick Jonas (Jumanji Bem Vindo à Selva) no papel do piloto Bruno Gaido, personagem não fictício, que faz um triunfal ataque aos inimigos. Também reais são o Almirante Halsey (Dennis Quaid), o oficial Edwin Layton (Patrick Wilson), da inteligência americana, o Comandante Jimmy Doolottle (Aaron Eckhart), o oficial Wade McClusky (Luke Evans) e o Almirante Chester Nimitz (Woody Harrelson), esse irreconhecível de cabelos brancos, e com atuação perfeita. O desfile desses nomes na tela, no entanto, é desigual e o personagem de Ed Skrein atrai a maior parte do foco da história, com respeitosa menção para o Almirante Yamamoto, interpretado por Etsushi Toyakawa, ator de extensa filmografia (são mais de 80 créditos no site especializado imdb) na terra do sol nascente, e aqui tem a chance de impressionar o público ocidental.

Não é a primeira vez que esse conflito bélico chega às telas. O lendário diretor John Ford, que serviu em Midway durante a segunda guerra fotografou e filmou o ataque japonês gerando o documentário “A Batalha de Midway”, Oscar de melhor documentário de 1942. A primeira dramatização, no entanto, veio a ser produzida em Hollywood em 1976 com direção de Jack Smight e um super- elenco, que trazia Charlton Heston, Glenn Ford e Henry Fonda, que em 1941 foi o narrador do documentário de Ford. Realizado pelos estúdios Universal, o filme foi o segundo a empregar o recurso do “Sensurround” (O primeiro havia sido “Terremoto”, dois anos antes), que consistia em um sistema de alto-falantes instalados nas salas de exibição com faixas de som que reproduziam explosões e vibrações que deveriam mexer com as sensações do público. Pouco tempo depois o recurso parou de ser empregado pelos incidentes relatados em várias salas que sofriam desabamentos e outros danos estruturais que decretaram a interrupção de seu uso. Outra crítica feita na época foi a imprecisão de suas imagens de batalha que usavam cenas extraídas de “Tora Tora Tora”. Pouco depois de sua estreia nas telas, 33 minutos de cena adicionais, incluindo a adição de uma personagem nova interpretada por Susan Sullivan, reeditaram o filme para exibição na Tv americana.

Em meio a tiros e bombas a história já foi escrita e o filme de Emmerich é um belo espetáculo Hollywoodiano, com todos os clichês do heroísmo e do sacrifício em tempos de guerra, nada tão audacioso quanto Clint Eastwood em “A Conquista da Honra” / Cartas de Iwo Jima”, nem frio e distante como “Dunkirk”, mas um filme intermediário em suas pretensões, desnecessariamente longo, mas fazendo jus à frases de efeito como as palavras atribuídas ao Almirante Yamamoto quando este diz “Acordamos o gigante adormecido!”. O desfecho é respeitoso para ambos os lados, mostrando o destino de seus personagens e de que o mar sempre lembrará dessa história de gangue, suor e lágrimas.

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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