As Origens e o Fim de Pasolini

O frances Rene de Ceccatty propoe um levantamento apaixonado da personalidade, humana e estetica, do realizador em seu livro Pasolini

28/07/2020 03:05 Por Eron Duarte Fagundes
As Origens e o Fim de Pasolini

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O italiano Pier Paolo Pasolini foi originalmente um escritor: escreveu romances, poemas, ensaios. Como homem do século XX, deixou-se levar pelo cinema, este fluxo tresloucado de imagens em movimento. Contemporâneo dos também italianos Roberto Rossellini e Federico Fellini, herdando o amor aos humildes do primeiro e as tensões inquietas do segundo, acabou fazendo filmes. Filmes que, tributários da afeição ao verbo por Pasolini, padeciam de uma estrutura cinematográfica manca, mas por isso mesmo nova e original no meio onde se dava, o cinema e sua montagem. Contemporâneo de cineastas ilustres, conviveu também com homens de letras ilustres, como seu patrício Alberto Moravia. Depois de ter feito o mais violento filme até sua época, Salò, ou os 120 dias de Sodoma (1975), Pasolini foi assassinado com a mesma crueldade de algumas personagens de seu filme numa praia perto de Roma por um garoto que caçara nas redondezas, em novembro de 1975; para todo o sempre, o instinto humano de paixões, conspirações, acidentes induz a pergunta: crime homossexual ou um complô fascista diante da violenta provocação que era seu último filme?

O francês René de Ceccatty propõe um levantamento apaixonado da personalidade, humana e estética, do realizador em seu livro Pasolini (2015); embora Ceccaty apresente muitos trechos de seu texto como ensaios sobre cinema, literatura e coisas culturais, Pasolini, sem ser uma biografia de dados, é na verdade o espelho duma alma. Quem aprecia filmes, e os viveu em seu tempo, vai topar a si mesmo na trajetória polêmica, perturbada e perturbadora de Pasolini. Recentemente o diretor americano, de origem italiana, Abel Ferrara fez um filme que retratava Pasolini e seu fim, Willem Dafoe foi o intérprete; não tem como não se estar neste espelho, em se tratando de livro ou filme.

No Pasolini de Ceccatty a personagem é extraordinariamente complexa, até mesmo na trivial homossexualidade. Morto por um garoto que caçara, arrecadando como amante ao ator Ninetto Davoli quando este era ainda adolescente, Pasolini chegou a ter um caso com Maria Callas na maturidade.

Um homem de letras adotado pelo cinema, como foi comum ao longo do século XX, Pasolini está de maneira intensa e multiforme em Pasolini, o livro de René de Ceccatty.

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro ?Uma vida nos cinemas?, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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