Guerra
dos Mundos (War of The Worlds), produção da Paramount de 1953
baseada na novela de H. G. Wells publicada em
1897, foi o primeiro filme a retratar uma invasão alienÃgena à Terra. E apesar
de não ser a única realização do perÃodo a lidar com a iminente destruição da
humanidade, sua objetividade narrativa e as idéias originais de Wells garantiram um impacto
duradouro. No filme, dirigido por Byron Haskin já em
plena Guerra Fria, as Máquinas de Guerra Marcianas, que no livro eram sÃmbolos
do colonialismo inglês e da tecnologia levada ao extremo, passaram a
representar a ameaça comunista (vermelha como Marte). Guerra dos Mundos
é fruto da criação do produtor e mestre de efeitos especiais George Pal, que realizou filmes memoráveis como Da Terra à Lua
(1950), Colisão Entre Planetas (1951) e outra célebre adaptação de H. G.
Wells, A Máquina do Tempo (1960). O filme
adota o mesmo tratamento dado à obra por Orson Welles
(Cidadão Kane) na famosa adaptação radiofônica
de 1938, situando a história na época atual, mudando o cenário da ação da
Inglaterra para os Estados Unidos. À época um marco no avanço dos efeitos
especiais, Guerra dos Mundos, juntamente com King Kong, foi a inspiração para nove entre dez técnicos que posteriormente
passaram a trabalhar no ramo. Apesar de o especialista em efeitos especiais Gordon Jennings inicialmente
tentar criar as máquinas marcianas em sua forma trÃpode,
como no livro, George Pal achou que o efeito obtido
seria muito caro e dificilmente pareceria realista na tela. Decidiu então que
os marcianos tripulariam veÃculos flutuantes em forma de arraia, que seriam
manipulados e suspensos pelos técnicos por cabos invisÃveis (nem sempre tão
invisÃveis, principalmente na maior resolução do DVD). Em termos de construção,
os modelos das naves eram pequenas maravilhas eletrônicas. A "cabeça de
cobra" que lançava os raios de energia era controlada por controle remoto.
Os comandos eram enviados pelos mesmos cabos que davam sustentação à s
miniaturas, que estavam presos a uma plataforma móvel que movimentava-se
pelo cenário, a fim de criar o movimento suave das naves. Os raios de energia
foram obtidos com o uso de tochas de acetileno aplicadas em metal,
posteriormente adicionados às "cabeças de cobra" por efeitos óticos. As cenas de destruição em massa à época não tinham paralelo,
e foram obtidas através da combinação de efeitos óticos, pinturas de fundo e detalhadas
miniaturas. O filme custou razoáveis U$ 2 milhões,
destes indo U$ 1,3 milhão para os efeitos especiais, e foi um grande sucesso de
bilheteria, sendo indicado para os Oscars de Melhor
Som e Melhor Edição, tendo Gordon Jennings,
que morreu logo após a conclusão das filmagens, recebido o prêmio póstumo por
Efeitos Especiais. Apesar de hoje já estar datado, na época o filme foi uma
vÃvida e aterrorizante adaptação da obra de Wells,
realçada por efeitos visuais e sonoros então revolucionários e pela competente
música de Leith Stevens.
Para aqueles que, como eu, conseguiram assisti-lo num cinema (tive essa sorte
nos anos 60, quando tinha uns 10, 11 anos de idade), ele continuará sendo
memorável, superior inclusive à nova versão de Spielberg.