Crítica sobre o filme "Guerra dos Mundos":

Jorge Saldanha
Guerra dos Mundos Por Jorge Saldanha
| Data: 19/11/2005

Guerra dos Mundos (War of The Worlds), produção da Paramount de 1953 baseada na novela de H. G. Wells publicada em 1897, foi o primeiro filme a retratar uma invasão alienígena à Terra. E apesar de não ser a única realização do período a lidar com a iminente destruição da humanidade, sua objetividade narrativa e as idéias originais de Wells garantiram um impacto duradouro. No filme, dirigido por Byron Haskin já em plena Guerra Fria, as Máquinas de Guerra Marcianas, que no livro eram símbolos do colonialismo inglês e da tecnologia levada ao extremo, passaram a representar a ameaça comunista (vermelha como Marte). Guerra dos Mundos é fruto da criação do produtor e mestre de efeitos especiais George Pal, que realizou filmes memoráveis como Da Terra à Lua (1950), Colisão Entre Planetas (1951) e outra célebre adaptação de H. G. Wells, A Máquina do Tempo (1960). O filme adota o mesmo tratamento dado à obra por Orson Welles (Cidadão Kane) na famosa adaptação radiofônica de 1938, situando a história na época atual, mudando o cenário da ação da Inglaterra para os Estados Unidos. À época um marco no avanço dos efeitos especiais, Guerra dos Mundos, juntamente com King Kong, foi a inspiração para nove entre dez técnicos que posteriormente passaram a trabalhar no ramo. Apesar de o especialista em efeitos especiais Gordon Jennings inicialmente tentar criar as máquinas marcianas em sua forma trípode, como no livro, George Pal achou que o efeito obtido seria muito caro e dificilmente pareceria realista na tela. Decidiu então que os marcianos tripulariam veículos flutuantes em forma de arraia, que seriam manipulados e suspensos pelos técnicos por cabos invisíveis (nem sempre tão invisíveis, principalmente na maior resolução do DVD). Em termos de construção, os modelos das naves eram pequenas maravilhas eletrônicas. A "cabeça de cobra" que lançava os raios de energia era controlada por controle remoto. Os comandos eram enviados pelos mesmos cabos que davam sustentação às miniaturas, que estavam presos a uma plataforma móvel que movimentava-se pelo cenário, a fim de criar o movimento suave das naves. Os raios de energia foram obtidos com o uso de tochas de acetileno aplicadas em metal, posteriormente adicionados às "cabeças de cobra" por efeitos óticos. As cenas de destruição em massa à época não tinham paralelo, e foram obtidas através da combinação de efeitos óticos, pinturas de fundo e detalhadas miniaturas. O filme custou razoáveis U$ 2 milhões, destes indo U$ 1,3 milhão para os efeitos especiais, e foi um grande sucesso de bilheteria, sendo indicado para os Oscars de Melhor Som e Melhor Edição, tendo Gordon Jennings, que morreu logo após a conclusão das filmagens, recebido o prêmio póstumo por Efeitos Especiais. Apesar de hoje já estar datado, na época o filme foi uma vívida e aterrorizante adaptação da obra de Wells, realçada por efeitos visuais e sonoros então revolucionários e pela competente música de Leith Stevens. Para aqueles que, como eu, conseguiram assisti-lo num cinema (tive essa sorte nos anos 60, quando tinha uns 10, 11 anos de idade), ele continuará sendo memorável, superior inclusive à nova versão de Spielberg.