Crítica sobre o filme "Encurralado":

Jorge Saldanha
Encurralado Por Jorge Saldanha
| Data: 23/12/2005
Após dirigir episódios de várias séries de TV entre 1969 e 1970, o então muito jovem Steven Spielberg teve sua grande chance ao dirigir o telefilme Encurralado (Duel, 1971). A produção foi baseada num conto do escritor Richard Matheson (autor de 16 episódios da versão original da série Além da Imaginação e roteirista dos filmes de Roger Corman baseados em Edgar Allan Poe) e estrelada por Dennis Weaver, à época conhecido como o protagonista da série McCloud. Praticamente todo filmado em locação e com apenas Weaver na tela, o resultado mostrou ser um curto (menos de 80 minutos) mas excepcional exercício de suspense, do tipo que raramente é visto na TV. O resultado, musicado por uma enervante trilha sonora de Billy Goldenberg, ficou tão bom que a Universal decidiu lançar o telefilme internacionalmente nos cinemas, e Spielberg foi convocado para filmar duas cenas adicionais que fizessem Duel ficar com uma duração próxima dos 90 minutos: aquela onde o caminhão empurra o carro de Mann para a linha do trem, e a do ônibus escolar. O esforço adicional compensou: Encurralado recebeu excelentes críticas, principalmente na Europa, onde as alegorias do tipo Homem x Máquina ou Oprimido x Opressor andavam muito em voga, e garantiu ao diretor seu ingresso no mercado cinematográfico. Após seu filme de estréia Louca Escapada, de 1974, um outro road movie mas de tom e gênero distintos, Spielberg dirigiu em 1975 Tubarão – e o resto é história. Encurralado acabou dando origem a uma série de filmes semelhantes, como A Morte Pede Carona (1986), e inspirou seqüências de perseguição com caminhões, como as vistas na sérieO Exterminador do Futuro. O Spielberg de Encurralado ainda era experimental, mas já provava possuir o amplo domínio da linguagem cinematográfica que o consagrou, poucos anos depois, como o principal diretor do “cinemão†norte-americano.