Por Rubens Ewald Filho
| Data: 04/01/2005
O nepotismo chega a um limite nunca dantes visto, neste filme de férias feito pelo mexicano-americano Robert Rodriguez. Vejam só, esta fita modesta (custou apenas 6 milhões de dólares mas aparenta o triplo) feita em casa (por que ele assina tudo, roteiro, direção, trilha musical, supervisão de efeitos especiais até porque eles todos são feitos em sua garagem!), o argumento é creditado ao filho do diretor, um certo Racer Rodriguez que teria sete anos quando concebeu a história (ele também assina como co-roteirista). Por mais genial que seja o garoto, certamente não é um Mozart, o pai que é coruja e perdeu a noção do ridÃculo. E parece que ele viu antes História sem Fim!
Enfim, Rodriguez famoso por suas parcerias com o amigo Tarantino, resolveu fazer uma espécie de novo capÃtulo de Spy Kids, dando novamente a Terceira Dimensão (você recebe na entrada um óculos daqueles precários nos cinemas, npo DVD para locação esta opção não está disponÃvel), um lado azul, outro vermelho, que vai usar por longos perÃodos (tem acho que dois breaks, apenas para descansar um pouco) e com resultado nunca antes tão banal. Atiram coisas na tela mas nada que impressione muito alguém com mais de 8 anos de idade.
Mas é levar realmente ao ponto máximo essa idéia de que crianças curtem apenas o que elas bolam, nesta história feita por um elenco muito fraco e desconhecido (com a exceção da aparição de David Arquette – Pânico – e Kristin Davis – Sex and the City – como os pais do menino herói). É bom explicar a história. Max, um garoto com muita imaginação e por causa disso perseguido pelo professor e pelos coleguinhas violentos, garante que existem dois super heróis mirins, que foram criados por ele mesmo em seus sonhos (a mensagem da fita é que todos têm o direito e mesmo a obrigação de sonhar!). Eles são o Garoto Tubarão e Menina Lava (de vulcão), embora as qualidades do Garoto não sejam especialmente utilizadas nesta aventura. Até o dia em que aparecem na sala de aula, nas asas de um Twister, para levar o garoto numa missão e salvar o planeta deles, o Drool, ameaçados por um vilão chamado Sr. Elétrico (feito pelo mesmo ator que interpreta o professor). Quando eles estão em ação, passando por sucessivos e repetitivos perigos, todos os efeitos são Digitais, ou seja, CGI. O que torna o filme absolutamente medÃocre, até tolinho, em particular para adultos.
Na verdade, o interesse do filme limita-se ao amor paternal da famÃlia Rodriguez e as crianças que durante as férias estejam precisando de uma diversão leve e inócua. Não é ruim a mensagem dos sonhos, nem a realização do filme. Mas acho que depois deste e mesmo Sin City (onde ele demonstra que quadrinhos e cinema são duas linguagens completamente diferentes), Rodriguez estava na hora de realizar algo com mais substância e importância. (Rubens Ewald Filho)