Por Rubens Ewald Filho
| Data: 26/01/2006
Comédia romântica é um gênero difÃcil porque tem sido muito explorado e depende de muitos fatores, o mais grave deles é a escolha certa dos atores. Neste caso, já que Dan Stulbach felizmente virou astro e ator respeitado na televisão e todo mundo o considera o nosso Tom Hanks, a escolha parece acertada. O problema é encontrar para ele sua Meg Ryan. E Juliana Paes pode ser uma mulher atraente, exuberante até, mas está longe de ter a versatilidade para interpretar uma senhora de quarenta e poucos anos (aliás, ambos não convencem envelhecendo) que passa por muitas experiências até chegar a maturidade (a idéia do roteiro que é baseado em peça da diretora Rosanne Schwartzmann com parceiros parece ter sido inspirada em Tudo Bem no ano que Vem, com Ellen Bustyn que mostrava justamente 30 anos de relacionamento de um casal que passa por várias mudanças). Juliana se daria bem como a amiga da mocinha, a amante sedutora, a perua rica ou pobre, enfim noutra praia. Não tem fôlego para segurar como protagonista, nem tem muito a ver com Dan (que continua a surpreender com uma maneira muito pessoal de dizer as frases, fugindo do tradicional. Mas muito interessante).
Tem outros problemas. O roteiro um pouco confuso e de poucas boas piadas tem problemas com palavras da época (nos anos 80, Juliana fala que ele está estressado o que não existia na época) e novamente a escolha de elenco faz a besteira de selecionar como uma versão jovem e adolescentes dos protagonistas, um casal de garotos que não tem nada a ver com Dan, nem Juliana (que tem olhos de Bette Davis, esbugalhados). Esse é um absurdo que não dá para perdoar ainda mais em cinema.
Fora isso, o filme é razoável. A diretora (que realizou o simpático Como ser solteiro no Rio de Janeiro) faz tudo direitinho, mas não há meios de tornar a situação mais engraçada. Fica mais romance que comédia, mas é melhor do que se pode supor. Dan é um engenheiro bem sucedido, casado com Christine Fernandes (uma atriz neutra) e com um filho pré-adolescente que uma vez por ano vai a pedra do Arpoador ver se reencontra um amor de infância, com quem namorou e se separou. Em flash-backs não muito convincentes, revivemos os problemas e desencontros do casal, que incluem também uma filha tÃpica de cinema (aquelas meninas que vivem dizendo frases espertas que uma menina daquela idade jamais faria). Um dos charmes do filme é trazer um elenco de apoio pouco conhecido (mas eficiente) junto com pontinhas de nomes famosos (todos eles se dando bem). No entanto, o resultado não chega a ser memorável e tudo indica que o filme não será sucesso. O que é uma pena para Dan Stulbach (ele fez no cinema antes de ficar famoso aquele polêmico e excelente Cronicamente Inviável de Sergio Bianchi). Mas é uma oportunidade importante para uma carreira que promete ser brilhante. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos)