Crítica sobre o filme "Expresso Polar, O":

Edinho Pasquale
Expresso Polar, O Por Edinho Pasquale
| Data: 07/11/2005
tentando sem muito êxito.

Apesar de ter reunido novamente a dupla vitoriosa de Forrest Gump, o Contador de Histórias (que foi pioneiro no uso dramático dos efeitos digitais de computador) e Náufrago, o diretor Robert Zemeckis e o astro Tom Hanks, o projeto também é apenas relativamente bem sucedido. Deve funcionar muito bem para crianças que ficarão menos incomodadas com as falhas (os movimentos dos olhos são estranhos, eles ficam parecendo ETs, assim como o andar, a postura dos personagens também é desajeitada e truncada). Ou seja, é tudo muito bonito, luminoso, original, fica realmente parecendo pinturas a óleo em movimento. Mas cadê a história? Na verdade, é espantoso o que conseguiram fazer com um livro extremamente curto e sucinto (o livro na sua edição original com os desenhos que inspiraram o visual do filme está saindo no Brasil agora, pela editora Nova Fronteira). Se fossem fiéis, não dava nem um curta de cinco minutos. Mas rechearam a história de incidentes e personagens, de forma que não há um instante de tédio.

Igualmente espantoso é como Hanks se submeteu a esta experiência que deve ter sido exaustiva (ele também assina como co-produtor), já que ele faz cinco personagens. Alguns óbvios: o condutor do trem, Papai Noel, o pai do menino, um vagabundo que é meio Anjo da Guarda. Até aí, normal, já que todos têm seus traços fisionômicos. Mas interpretou também o herói, o menino, o que não é perceptível ao mal informado. O que não deveria ser tão estranho assim porque Hanks fez também algo parecido em Big - Quero ser Grande. As peripécias são curiosas porque incluem referencias (Zemeckis por exemplo faz aparecer Jessica Rabbit de seu filme Uma Cilada para Roger Rabbit, além do boneco de Scrooge, o sovina de Um Conto de Natal de Dickens. E preste atenção cinéfilos porque o vagabundo fantasma que anda no trem não é outro se não O Imperador do Norte feito por Lee Marvin no filme de Robert Aldrich (Emperor of the North de 73. O que tem tudo a ver com o titulo deste filme). Basicamente a história é sobre um garoto que já está descrendo de Papai Noel, até quando na véspera de Natal, para na porta de sua casa, um velho trem que o leva até o Pólo Norte para assistir a saída de Noel em seu trenó e dar para um dos garotos o primeiro presente. Inventam-se para o filme dois protagonistas infantis, um garoto pobre e uma menina negra com talentos de líder, dentro do politicamente e comercialmente correto.

Não falta nada: como uma ride de parque de diversões o filme tem ao menos três cenas que parecem descida de montanha russa. Há um numero musical moderno e coreografado (sobre chocolate quente), um par de canções (para serem finalistas para o Oscar) e até aparição roqueira de Steven Tyler e o Aerosmith. Sem esquecer praticamente todas as mais famosas canções natalinas na trilha musical incluindo Jingle Bells e White Christmas. Também tem bastante ação, com várias perseguições, fugas e trapalhadas, para manter as crianças atentas. No entanto, sua mensagem de boa vontade natalina acaba soando falso para qualquer um com mais de 12 anos.

É preciso então se deliciar com um festim visual sempre interessante. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos em 6 de dezembro de 2004)