Crítica sobre o filme "Coach Carter - Treino Para a Vida":

Edinho Pasquale
Coach Carter - Treino Para a Vida Por Edinho Pasquale
| Data: 22/09/2005
Lançamento de 2005, mal-recebido pela crítica, acabou sendo enorme sucesso de bilheteria no primeiro fim de semana de exibição nos EUA. Fácil explicar porquê. A crítica não gosta de filme que dá bom exemplo, que ensina alguma coisa útil ou mostra um caminho para a juventude. Chamam a fita inspirational. Tomara que fosse. Produzido pela MTV Filmes, conta uma história real. Em 1999, Carter foi treinador de um time de basquete de high school de uma escola pública de bairro pobre. Ele assume e coloca os garotos em forma, mas exige também que eles estudem. Quem não for bem nas matérias não poderá continuar jogando. Isso provoca um escândalo nos pais e na cidade, e no próprio board da escola, que expulsa ou quer expulsar o treinador.

Em vez de ver que ele tem razão, está tentando quebrar o círculo de pobreza, fazendo com que os jogadores melhores e negros tenham ao menos uma chance indo com bolsa de esporte para uma faculdade e tenham uma vida melhor. O filme é o único filme americano que eu vi, principalmente nos últimos anos, que mostra um estudante que engravidou uma namorada e que aceita quando ela faz um aborto discreto (continua com a moça, mas com a clareza de que não daria para criar a criança e fugir daquele tipo de vida). Aprovar aborto num filme na Era Bush é um escândalo e uma total ousadia (claro que ninguém até agora mencionou isso na imprensa, passou batido). O fato do público jovem consumir o filme, porém, é positivo já que ele vem na tradição de Sementes de Violência, Ao Mestre com Carinho e muitos outros que seguiram a mesma trilha.

Os profesorres e diretores de escola devem ficar de olho nele. Quem estrela é o sempre excelente Samuel L Jackson, numa fita certamente moralista. Mas, por que não? Se estão precisando dessa lição... (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos)