Crítica sobre o filme "Constantine":

Jorge Saldanha
Constantine Por Jorge Saldanha
| Data: 18/09/2005
Certamente o argumento fantástico de Constantine não é original: vários quadrinhos, filmes e séries de TV já apresentaram protagonistas que voltaram do Inferno para combater demônios na Terra. Sem pensar muito, me vêem à cabeça os exemplos de Spawn e as séries de TV Angel (também ambientada em Los Angeles) e Brimstone (um policial suicida que tem a chance de redimir-se caçando pecadores fugitivos do Inferno – coincidência?). Mas alguns fatores ajudam Constantine, filme de estréia do diretor de videoclipes Francis Lawrence, a superar o dejá-vu e tornar-se uma interessante diversão.

Não conheço muito a graphic novel de Alan Moore Hellblazer, na qual o filme se baseou (foi publicada no Brasil pela editora Brainstore), mas de cara esta adaptação soma pontos por ter um clima mais forte e adulto que a maioria das produções do gênero. O visual de muitas seqüências, enriquecido pela fotografia do francês Philippe Rousselot, é estilizado, e as visões que temos do Inferno são impressionantes. Os efeitos especiais, na medida certa, estão a serviço da trama, e não o contrário (o que hoje pode ser considerado uma exceção à regra em filmes deste tipo). O elenco, no qual destacam-se Rachel Weisz, Peter Stormare (ótimo como Lúcifer em pessoa), Tilda Swinton (como um andrógino anjo Gabriel) e Djimon Hounsou, também ajuda a qualificar o filme.

Quanto a Keanu Reeves, depois da trilogia Matrix e atuando em filmes como Constantine, dificilmente conseguirá se desvencilhar da imagem de Neo. Aqui ele tem um papel similar de "Escolhido" e continua vestindo-se de preto (faltaram só os óculos escuros), mas consegue ser suficientemente convincente para superar as diferenças de seu correspondente nos quadrinhos (que é inglês e loiro, inspirado no cantor Sting).