A memorável trilha sonora orquestral do grande Bernard Herrmann foi uma das primeiras a utilizar instrumentos elétrico/eletrônicos, destacando o theremim (uma espécie de precursor do sintetizador). O então desconhecido Michael Rennie, alto, magro e de rosto anguloso, foi a escolha perfeita para interpretar o misterioso Klaatu, uma espécie de Cristo alienígena que, somente após ser morto e ressuscitar, pode transmitir sua mensagem à humanidade. Sua imagem, ao lado do robô Gort e à frente de seu disco voador, faz parte da cultura pop – foi reproduzida até na capa de um disco do ex-Beatle Ringo Starr. O comando que a apavorada Helen dá a Gort, “Klaatu barada nikto!”, entrou para a história do cinema e recebeu uma homenagem bem humorada de Sam Raimi em seu Uma Noite Alucinante 3.
Fora tudo isso, ao rever O Dia em que a Terra Parou 54 anos após seu lançamento, é impressionante constatar como o filme continua atual pelas questões que aborda. Para começar temos Klaatu, o representante de uma raça mais desenvolvida criadora de uma espécie de polícia espacial, que vem à Terra alertar que, caso continuemos a usar a energia nuclear para fins bélicos, ameaçando a segurança planetária, seremos neutralizados à força. É praticamente o mesmo recado que hoje os EUA de Bush enviam aos integrantes do “Eixo do Mal”. Além disso, substitua a “Guerra Fria” e a ameaça soviética estampada no filme pela atual guerra ao terrorismo e a ameaça islâmica para constatar que, infelizmente, não evoluímos quase nada nestas últimas décadas. De qualquer modo, a mensagem pacifista trazida pelo filme permanece, e quem sabe algum dia aqueles que usam o poder das armas finalmente a ouvirão.