Por Edinho Pasquale
| Data: 07/06/2005
Não caia na idéia de que se trata de um filme romântico. O tema principal pode até sugerir ser este filme mais uma daquelas comédias românticas açucaradas, mas está longe disso. É na verdade uma sátira aos chamados “talk shows†diurnos, ou seja, uma linha do que já vimos acontecer em vários programas diurnos na TV brasileira, mais recentemente com Márcia Goldsmith, Ratinho e (argh) João Kleber. São os famosos programas onde se tenta mostrar os conflitos, desde raciais, sociais, familiares etc. utilizando uma linguagem e formato completamente sem escrúpulos, chegando ao mais baixo nÃvel da dignidade humana.
Voltando ao filme, o roteiro é envolvente, algumas surpresas e reviravoltas acontecem com os personagens, principalmente da recém contratada na equipe de produção Stacy, vivida por Brittany Murphy, o maior problema do filme. Ela é sem carisma, não tem a força necessária para interpretar tal papel. Fica difÃcil de acreditar nela, ainda mais fazendo par com um apático Ron Livingston. Há, em compensação, a ótima presença de Kathy Bates, como a apresentadora do programa de TV. E de Holly Hunter, como uma das produtoras do programa. Há a ainda a participação da cantora Carly Simon, com suas músicas (várias delas foram apresentadas em outros filmes, algumas marcantes, como o do 007 o Espião Que Me Amava, “Nobody Does It Betterâ€, apesar de termos que ouvi-la aqui quase que inteira numa versão cantada por Brittany, constrangedora) e até uma participação especial (bem legal, pena que Carly está sumida e envelhecida).
No geral agrada, algumas cenas e situações são bem revoltantes, temos até pena dos personagens, mas que cabem bem à sátira ao tipo de TV que se produz hoje em dia. Uma boa pedida, sempre lembrando que não vai agradar a quem espera uma comédia-romântica-com-final-feliz. O que, neste caso, é uma qualidade, já que de romântico o casal protagonista não tem nada.