Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 25/02/2006
Quando o produtor norte-americano David Selznick viu a versão sueca de Intermezzo (1936), de Gustav Molander, e em 1939, interessado nas possibilidades comerciais daquele melodrama e na forte presença cênica da jovem atriz Ingrid Bergman, decidiu levar a efeito sua versão americana do sucesso nórdico, Intermezzo, uma história de amor, dirigido por Gregory Rattof com elenco ianque mantendo unicamente a presença de Ingrid, é bem provável que não suspeitasse que estivesse começando a criar um dos mitos do cinema e uma carreira de intérprete cinematográfica feminina como nunca houve.
Na versão americana, objeto deste comentário, Leslie Howard substitui o sueco Gösta Ekman no papel do pianista madurão por quem uma jovem pianista (Ingrid) se apaixona. Na verdade, a narrativa é,hoje, envelhecida, inexpressiva; sua composição melodramática do triângulo amoroso, opondo a “outra†ao “núcleo familiarâ€, é óbvia e superficial. Mas sempre vale a pena rever a intensidade dramática da figura de Ingrid, já em seus inÃcios.
Molander, o diretor da versão sueca que emprestou o roteiro a este filme americano, foi igualmente responsável por lançar, em alguns de seus filmes, o cineasta Ingmar Bergman como roteirista. Lá pelo fim de Intermezzo há uma cena patética entre um pai e seu filho, carregando no melodrama; lembro que Bergman, em sua obra-prima Através de um espelho (1961), coloca um inquieto diálogo entre um pai e seu filho; revendo as duas cenas lado a lado, o espectador mais atento e sensÃvel poderá dar-se conta do abismo que separa a inquietação filosófica de Bergman das futilidades repetitivas de Molander/Rattof. (Eron Fagundes)