Crítica sobre o filme "Terra dos Deuses":

Edinho Pasquale
Terra dos Deuses Por Edinho Pasquale
| Data: 04/05/2006
O filme foi o derradeiro projeto realizado por Irving Thalberg, vice-presidente e supervisor de produção dos estúdios da Metro Goldwyn Mayer e nos chega em DVD pela Classicline. Thalberg morreu prematuramente antes da estréia e o filme lhe é dedicado antes dos letreiros iniciais: “á memória de Irving George Thalberg nós dedicamos este filme, sua última grande realização". Dirigido por Sidney Frankllin, um dos diretores que a MGM mais prestigiava e também produziu filmes importantes do estúdio, como Rosa de Esperança (1942), de Willyam Wyler, é uma adaptação de livro de Pearl Buck, escritora especializada em temas chineses. Foi um grande sucesso e então a segunda produção mais cara da Metro desde a primeira versão de Ben Hur, em 1925. Em 1945 a Metro quis repetir o sucesso, com A Estipe do Dragão (Dragon Seed), também baseado em livro da autora, tendo Katharine Hepburn e o turco Turhan Bey nos papeis principais.

Para os dois papéis centrais foram escolhidos os nada orientais e sim austríacos Luise Rainer, ela vienense e Paul Muni. Conta a história de um camponês, Wang e sua mulher, Olan , ele mais sonhador e deslumbrado, ela mais pragmática (quando ele joga fora os restos de um pêssego, ela recolhe a fruta, semeando-a dará frutos). A felicidade deles é em ciclos, perdem as terras pela seca, as recuperam, ele prospera tornando grande proprietário mas depois toma uma concubina (Tilly Losch), tem conflito com o filho etc.

Um dos grandes momentos, que nunca esquecemos quando assistimos o filme na reprise e revimos agora é a da fuga da seca, se vendo corpos de gente e animais mortos. A seqüência mais famosa é a da invasão de gafanhotos, que certamente teria ganho o Oscar® de efeitos especiais, se na época existisse essa categoria. Mas de qualquer forma o filme recebeu o de fotografia, esta de Karl Freund, o iluminador de Metrópolis, de Fritz Lang.

A notar ainda a seqüência da revolta, em que Olan escapa duas vezes de morrer, uma quando pisoteada pela multidão, cena essa que consta dos extras da versão em DVD americana. Uma bela cena é a do nascimento da criança, em elípse, vendo-se o interior da cabana e a sombra das árvores sacudidas pela tempestade, até o amanhecer e o choro do bebê. Por seu desempenho Luise Rainer recebeu o seu segundo Oscar® consecutivo.

O ano anterior (1936) já o havia ganho (talvez por sua cena ao telefone) por Ziegfeld, o Criador de Estrelas. Com essa segunda estatueta ela derrotou a favorita, Greta Garbo, em A Dama das Camélias, além de Barbara Stanwyck no melô Stella Dallas. Nos extras americanos ela aparece recebendo o Oscar®. Consta também um curta metragem musical bizarro, com motivos principalmente chineses. (Carlos M. Motta)